Empossado em maio como presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Fábio Alves pretende investir R$ 800 milhões na conclusão, até o fim do ano, de 34 empreendimentos de transmissão que estavam paralisados ou atrasados. O gestor já tem planos de finalizar outros 35 empreendimentos em 2019, além de investir também no setor de geração. Em entrevista exclusiva ao Diario, o gestor destacou ainda que a estatal vem trabalhando para enxugar despesas e melhorar a eficiência de suas atividades.
O novo presidente assumiu a estatal – subsidiária do sistema Eletrobras – em meio ao debate sobre a privatização do sistema elétrico nacional e defende de maneira aberta a desestatização, argumentando que não se trata de uma venda. Muito embora o projeto que trata da privatização tenha sido adiado no Congresso Nacional, Alves destaca que “a discussão chegou em um ponto que não desaparece mais” e que o tema certamente voltará à pauta. O presidente nega, ainda, que o Rio São Francisco será privatizado.
A Chesf fechou 2017 com uma redução de 73,8% no lucro em relação a 2016. O senhor assumiu a presidência com o desafio de melhorar a eficiência da companhia. Como atingir esse objetivo?
Nesse lucro estão todas as receitas e despesas. O que formou esse resultado, em grande parte, foi uma verba indenizatória decorrente da não remuneração dos ativos de transmissão, que entraram na Medida Provisória 579 (aprovada em 2012 e que modificou a forma de cálculo do setor elétrico para que houvesse queda nas tarifas de energia). De 2012 a 2017 não houve remuneração. Então, é uma parte deste passivo que está sendo reconhecido. De R$ 1 bilhão de resultados finais (lucro da empresa em 2017), R$ 800 milhões foram decorrentes desta receita. A receita operacional dos resultados da empresa foi R$ 200 milhões. Não é um resultado operacional. Desse resultado teria que ser expurgado essa receita para a gente analisar o resultado da empresa sem esse fator.
A desestatização significa a privatização do Rio São Francisco?
Eu diria que não. É muito mais uma colocação política. Porque quem define o fluxo da água do rio é a Agência Nacional de Águas (ANA), que vê as necessidades de usos múltiplos e define qual a vazão, com base nas previsões hidrológicas. Se não fosse essa restrição, no ano passado o rio tinha ficado a fio d’água.
Quais os planos para 2019?
No ano que vem, deveremos concluir mais 35 obras de transmissão. E vamos começar a investir na geração. Nesse ano, a agência reguladora (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou as empresas a investirem na modernização das máquinas e na revitalização. Portanto, vamos começar a trabalhar nessa área. E teremos recursos para isso, que virão do setor elétrico. Nesse curto prazo a situação da Chesf é de ir caminhando para uma normalidade.
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