Francisco Cunha, consultor e co-autor do livro Calçada - o Primeiro Degrau da Cidadania estará em Petrolina para participar do evento “Petrolina, Mobilidade e Cidadania Urbana”, promovido pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Vale do São Francisco – Setranvasf. O evento irá acontecer na manhã do dia 25 de julho, no Nobile Hotel, e irá contar também com palestras do superintendente de transporte de Campina Grande, Felix Araújo Neto, e o Coordenador de Operações do Norte e Nordeste da Cittati Tecnologia em Desenvolvimento, Cristiano Roberto.
Cunha, que já deu palestras em todo o País abordando o assunto, explica que o planejamento urbano de quase totalidade das cidades brasileiras prioriza os veículos individuais motorizados (carros e motos), em vez que se voltar para o pedestre e para o ciclista (agentes da mobilidade ativa, não motorizada), que deveriam ser os principais destinatários das políticas públicas. Na opinião dele, a origem dessa atual priorização inadequada pode estar no tempo das carroças. Antigamente, as ruas eram os lugares das pessoas que não tinham posses, dinheiro para comprar um cavalo, uma carroça ou “cadeirinhas de arruar” (carregada por escravos, nas quais as “moças de bem” saiam para passear). Pessoas mais abastadas não andavam a pé.
“Normalmente, o pedestre desconhece os seus direitos e age como se estivesse pedindo um favor aos veículos motorizados”, diz o consultor. Adepto de longas caminhadas urbanas, ele ressalta a importância da participação do cidadão para a melhoria do lugar em que mora. Segundo ele, andando, é possível cuidar, simultaneamente, da saúde pessoal e da cidade pois isso permite contemplar as belezas naturais e históricas. Além disso, é mais fácil de identificar as necessidades de melhoria na qualidade urbana e propor soluções e parcerias. “Do carro, é muito difícil ver tudo isso, pois dentro dele, você fica como em uma cápsula, como se estivesse vendo a cidade como quem vê um filme”, relata Cunha.
Em Petrolina, assim como na maioria das cidades do mundo, um dos grandes problemas é que não existe a uniformização das calçadas: “cada um usa o material que quer, faz rampa de garagem de qualquer jeito e ninguém pensa no pedestre, especialmente naquelas pessoas que têm necessidades específicas de deslocamento”, diz Cunha. “É como se o pedestre fosse invisível”.
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