Os estudantes do 4º ano do curso Técnico em Comércio do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Professora Felicidade de Jesus Magalhães, em Jacobina (a 344 km de Salvador), idealizaram o Dessalinizador de Baixo Custo, que transforma água salobra em potável. O equipamento, que foi desenvolvido no âmbito do Programa Ciência na Escola da Secretaria da Educação do Estado, utiliza técnicas inovadoras e sustentáveis, para favorecer a qualidade de vida, principalmente de quem vive no meio rural.
O projeto vem sendo compartilhado e difundido entre os moradores de povoados como Várzea e Sargento, onde muitos dos estudantes do curso residem e também com a comunidade escolar da rede municipal. Os estudantes que estão à frente do projeto contam que se sentem gratificados por estarem levando conhecimento a estudantes do Ensino Fundamental, como aconteceu, recentemente, quando os alunos do 9º ano da Escola Municipal Núbia Mangabeira visitaram o CEEP Felicidade.
A aluna Luana dos Santos, 17, 4º ano, conta que eles assistiram à uma palestra sobre a importância da água potável na manutenção da vida e conheceram o processo de dessalinizar a água salobra. “O dessalinizador é uma tecnologia social que proporciona inúmeros benefícios socioeconômicos. Montamos o protótipo do projeto nas comunidades de Várzea e Sargento, onde não existe água canalizada e a dos poços artesianos são salgadas. Está sendo uma experiência muito importante por estarmos contribuindo para a qualidade de vida daquelas comunidades”.
A colega Jailza Cruz, 18, ressalta que a problemática da falta de água potável na comunidade onde moram parentes seus a motivou ainda mais a desenvolver o projeto. “Como já tenho conhecimento das dificuldades que enfrentam muitas pessoas da minha família, fiquei entusiasmada em poder levar para lá a ideia do dessalinizador como algo viável para obter água potável numa região onde é comum a água com salinidade”, conta.
Processo de dessalinização
A expansão do projeto a outros povoados será em forma de oficinas, por meio da qual as comunidades poderão interagir de forma direta e dinâmica no processo físico-químico de dessalinizar em sua casa ou propriedade rural. Luana e Jailza explicam que o processo é simples e qualquer pessoa pode usá-lo na prática, levando em conta que o material necessário é de baixo custo e acessível: uma bacia, uma manta de plástico transparente, um recipiente, um elástico e um peso (que pode ser uma pedra).
As estudantes mostram que o processo de dessalinizar a água também é fácil na prática. “A água salgada é colocada na bacia e a gente coloca a manta de plástico e a prende com o elástico, e coloca o peso para dar uma inclinação. Essa água é evaporada pelos raios solares incidentes e depois o vapor de água passa por um resfriamento e se converte em líquido, caindo no recipiente que está dentro da bacia. Esse produto líquido é a água já no estado puro para ingerir e isto acontece porque esse processo separa a água e o sal, já que este não é carregado no processo de evaporação”, explica Luana.
A professora coorientadora Ronise Saane, que atuou junto com o professor Francisco Antônio, destaca a importância do envolvimento dos estudantes com o projeto “Dessalinizador de Baixo Custo”. “É um trabalho relevante porque abrimos a discussão sobre as alternativas do homem conviver com o semiárido, buscando formas baratas para obterem a água potável para a sua sobrevivência”.
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