Ameaçado de não ser confirmado pelo MDB como candidato à Presidência da República no mês que vem, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles passou a defender abertamente a gestão de Michel Temer - da qual fez parte até abril. "O governo Temer é extremamente bem-sucedido, tirou o País da maior recessão da história", afirmou Meirelles, em entrevista ao programa Band Eleições, transmitido pela Band na madrugada desta terça-feira (19). "(A gestão Temer) é um projeto do qual participei e terei orgulho de mostrar o histórico e os resultados para a população." Nas últimas semanas, Meirelles vinha fazendo movimentos para tentar descolar sua imagem da de Temer - o presidente mais impopular da história, com 82% de desaprovação, segundo pesquisa Datafolha realizada no início deste mês.
O ex-ministro chegou a dizer que não era o candidato do governo e, em entrevista ao Roda Viva, há uma semana, irritou o Palácio do Planalto ao não esboçar qualquer defesa da atual gestão. Além de defender Temer abertamente nesta terça-feira, Meirelles ainda enviou mensagens de paz para o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que tornou-se um dos principais críticos de sua candidatura dentro do MDB. "O Marun é uma pessoa muito espontânea", disse, ao ser questionado sobre o fato de o ministro ter dito que Meirelles não teria nada a perder ao se associar à gestão Temer, já que não teria votos - no Datafolha de junho, o emedebista aparece com 0% a 1% dos votos, a depender do cenário.
Marun também já afirmou que Meirelles e os demais candidatos que se associam ao centro do espectro político deveriam abrir mão de disputar em nome de um projeto conjunto. "Até o ministro Marun estará conosco (na candidatura)", disse o pré-candidato. Meirelles garantiu que tem o apoio da "grande maioria" do partido para que seu nome seja confirmado como candidato na convenção de julho - embora lideranças importantes da legenda, como o senador Renan Calheiros (AL), se oponham ao seu lançamento. O ex-ministro também disse que sua candidatura, entre as de centro, é a com "maior potencial" para ir para o segundo turno e vencer as eleições. "Temos medido isso", disse Meirelles. O presidenciável também afirmou estar confiante de que sua candidatura será beneficiada com a recuperação da economia, embora tenha reconhecido que o ritmo da retomada tenha diminuído no mês passado "por causa da ameaça dos extremos" nas eleições, segundo ele.
Em relação ao questionamento ético que atinge o MDB e o governo Temer, Meirelles tratou de personalizar a questão - "Eu não tenho processo nenhum" -, mas esquivou-se de responder diretamente se cogita indicar Temer para alguma cargo de primeiro escalão que mantenha o foro privilegiado do presidente a partir de 2019. "Ainda não pensei em equipe, é muito prematuro." Meirelles ainda tentou apresentar-se como o responsável pela sensação de bem-estar econômico vivida por boa parte da população durante a gestão Lula (2003-2010), quando foi presidente do Banco Central. "Um grande número de brasileiros entrou na classe média, se lembra da época em que podia comprar uma televisão, viajar. Não tenho dúvida que no momento em que fiquem sabendo quem foi o responsável pelo sucesso da economia naquele momento, acho que um grande número vai votar em nós."
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