Os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março, completam hoje (14) três meses, e nenhum suspeito foi preso ou teve o nome oficialmente divulgado pela Polícia Civil, que investiga o caso em sigilo. Nesse período, Antônio Francisco Silva, pai da vereadora, conta que informações sobre o crime chegam a ele apenas pela imprensa, e que o silêncio das autoridades angustia.
"A gente quer o sigilo, mas a gente exige que a resposta nos seja dada", disse o pai de Marielle. "Se os órgãos não derem respostas à sociedade, vão dar carta branca para as pessoas que fizeram e para as que mandaram fazer".
Nesses três meses, pai, mãe, irmã e viúva da vereadora estão constantemente em protestos e eventos públicos manifestando sua revolta e tristeza com o crime. O objetivo é impedir que a cobrança sobre as investigações diminua. "É necessário participar desses atos, porque, em 90 dias, não temos ainda nenhuma resposta da elucidação desses casos. Ela foi calada e não sabemos por quem, quem mandou e por que fizeram isso", disse Antônio Silva.
O crime levou milhares de pessoas às ruas e gerou reação internacional, com manifestações como a do Escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, do Parlamento Europeu e até do papa Francisco. Para a Anistia Internacional, que acompanha o caso de perto, a imagem do Brasil também está em jogo. Assessora de direitos humanos da entidade, Renata Neder afirma que a comunidade internacional acompanha o caso com preocupação.
"Não apenas porque a Marielle era uma defensora de direitos humanos que trabalhava há anos, mas também porque ela foi a quinta vereadora mais votada na segunda maior cidade do país. Isso significa um nível de ruptura da institucionalidade e do Estado de Direito que é muito preocupante para outros países".
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