Juazeiro e Petrolina já não são mais, sabidamente, cidades de um cotidiano tranquilo. Ou seja, já se foi a impressão de duas cidades de porte médio pacatas, de mobilidade facilitada e de baixo custo de vida.
No que tange a mobilidade especificamente, os problemas tem se aprofundado diariamente sem que tenhamos, num curto horizonte de tempo, soluções que venham sendo planejadas e executadas. O tráfego entre as duas cidades está cada vez pior, tanto pela verdadeira explosão acontecida com o crescimento da frota de veículos, quanto pela falta de investimentos estruturadores que possam equacionar os problema dos continuados e crescentes engarrafamentos diários em diversas ruas e avenidas das duas cidades.
Algumas iniciativas que aconteceram nos últimos anos, como municipalização do trânsito nas duas cidades, criando-se órgãos municipais e contratando-se agentes fiscalizadores, ajudaram, mas não tem superado os gargalos. Muitos vêm apenas como instrumentos geradores de receita, como com a zona azul e autuações de irregularidades, do que efetivamente solucionar os desafios da mobilidade urbana.
Por outro lado, investimentos em infraestrutura retardam a acontecer, como duplicação de avenidas, construção de novos corredores de tráfego, de viadutos, reordenamento planejado do trânsito, incentivo ao transporte coletivo, e pensamentos mais ousados, como implantação de BRT, VLT, ou outros veículos como teleférico entre as duas cidades, ou mesmo ampliar a oferta do transporte fluvial de passageiros (incentivando o seu uso) etc, além, evidentemente, das ciclovias.
Convém ainda ressaltar que as duas cidades vêm sofrendo também com experiências quase rotineiras que são realizadas no reordenamento do sentido de fluxo em algumas ruas sem parecer tenham sido feitos estudos mais aprofundados, e logo em seguida o que fora alterado é novamente alterado. Lógico, essa temática compete aos especialistas.
No entanto atreve-se aqui a propor um debate com a sociedade, para que alguns pontos sejam considerados, quando da discussão desses problemas. Um deles é a sugestão de se analisar junto às autoridades de trânsito, a possibilidade de se proibir o fluxo de veículos acima de “tantas” toneladas nos horários de pico, nas avenidas que dão acesso a ponte presidente Dutra. Algo como entre às 7h e às 8H ou entre as 18H e 19H.
Será que isso não poderia ajudar evitar os rotineiros congestionamentos que vem acontecendo?
Outra sugestão, talvez mais ambiciosa, é propor as autoridades das administrações públicas locais que sejam elaborados dois projetos de duas novas pontes (anda que seja matéria requentada), uma a montante da atual (para unir o tráfego de cargas intermunicipal e interregional), e outra a jusante da atual (para unir o tráfego de passageiros intermunicipal e interregional). Algo do tipo, a primeira entre a região do porto de Juazeiro ligando à região do distrito industrial de Petrolina. E a segunda, entre a região da UNEB em Juazeiro e região da Facape/UPE em Petrolina. Isso já foi debatido no âmbito da esquecida RIDE (Região Integrada de Desenvolvimento Econômico do polo Juazeiro-Petrolina), porém nada avançou.
A novidade aí sugerida seria a proposta da execução sob a modalidade de parceria públicoprivada ou regime de concessão total à iniciativa empresarial (por prazo determinado) que operaria as duas pontes cobrando-se pedágio (em tarifas justas) aos seus usuários, e mantendose a atual pública e gratuita.
Caberia ao usuário escolher, entre uma única ponte que liga o centro ao centro, com situações de continuados e demorados congestionamentos que não serão resolvidos apenas com a duplicação do pedaço que falta em Juazeiro, ou optar em pagar uma tarifa de pedágio e economizar tempo (que é o mais caro, quando se trata de transporte de cargas e passageiros), usando as outras pontes que ligariam as demais regiões das cidades que lhe interessam ou que facilitem o seu destino final.
Ademais, seria muito interessante, ver a tradicional Ponte Presidente Dutra e a bonita Ilha do Fogo, sem o tumulto atual (que vai piorar muito em pouco espaço de tempo) para que as pessoas pudessem frequentá-la mais, tornando-se um ponto de visitação turística, requalificando o seu espaço com a construção de equipamentos como um museu, um teatro ou cinema, uma sorveteria ou um café, por exemplos, como o que já é feito nas demais cidades civilizadas do mundo.
Seria imaginar e querer demais?
Márcio Araújo Economista
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