Por Otoniel Gondim
“Fogo”
“Fogo?
Orgulha-se de não ter estado físico!
Arrasta consigo luz radiante, calor, queima
E sobe nas teimas ardentes
Explorando combustíveis e comburentes
E, sarcástico, sorrir, saindo dos focos das lentes
Amedronta a água, fervendo-a em chás e cafés
Entre bules, panelas, taças
Depois fraqueja, estala, ao fugir pelas chaminés
Humilhado em reles fumaças”.
“Água”
“Água?
Orgulha-se de ser um líquido
Insípido, inodoro, transparente
Espuma alvejante, imponente
Substância mais aclamada, importante
Sem a mesma nem teria gente
Um habita natural de tudo
Da vida e da morte, tsunamia
Fala, grita, fica mudo
Limpa, traz poesia
Mistura e dissolve
À revelia
Ainda, por cima, chove”.
#Cansados de tanto serem cruelmente explorados e humilhados pelos seres ditos humanos, um dia (queira-se não utópico) antológico, épico e demasiado histórico, a ÁGUA e o FOGO se encontraram, travaram desabafos, desilusões, raivas, desejos contidos, sintomas de repulsas nunca revelados, e chegaram, finalmente, a uma conclusão irrevogável: OS DOIS UNIDOS JAMAIS SERÃO VENCIDOS!
Assim, eis o desfecho dessa conclusão:
O FOGO brada: “Oh, água inerte! Não vês que esses seres humanos insanos querem apenas em ti velejar, matar a sede, se molhar. Chega de preguiça e desse terrível chuá-chuá.
Vens comigo. Eu os mato pelo calor, raios, escarrando queimas. E tu, amorfo líquido, de sede, afogados e envenenados.
Aí, juntos e enamorados, seremos os deuses do tempo, da existência, da natureza e da eternidade. ”
A vida despertando do silêncio. Como se descasca um abacaxi.
Xiiiii... Deu medinho agora, deu?
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