Eu nunca parei para pensar sobre os resultados que a TV pode proporcionar ao telespectador que a assiste quase que vinte e quatro horas por dia sem parar. Como eu gosto de aprender coisas novas, fiquei estupefato com a aula que tive hoje no Curso de Jornalismo e Multimeios, onde a professora de Teorias da Comunicação sucintamente explanou em poucas pinceladas sobre a TEORIA DO CULTIVO. Essa teoria foi criada por GEORGE GERBNER nos anos cinquenta ao defender que a televisão socializa, ou "cultiva" os públicos em uma visão personalizada do mundo com a implantação de valores pré-fabricados e pré-estabelecidos na configuração de suas narrativas. O teórico se interessou principalmente pelas consequências derivadas do consumo naqueles em que predominam os aspectos violentos. Parece-me que isso muito tem a ver com o conteúdo dos programas tele jornalísticos nos dias de hoje onde a violência é a protagonista maior e que a corrupção e a impunidade fazem coro ao deplorável mundo apresentado.
Gerbner naquela época analisou empiricamente o comportamento de algumas pessoas e observou a dependência do imaginário individual, do mundo pessoal e dos valores adquiridos através do tipo de programas de consumo habitual. Esses cultivos sobre a psicologia, a percepção e o conhecimento pessoais estão relacionados com a intensidade da exposição ao meio, de maneira que os efeitos na visão de mundo e as consequências dessa visão se acentuam nos públicos mais dependentes da TV. Os efeitos são mais evidentes quando a emissora busca um "público objetivo" e cria uma linha narrativa que o atrai, e também por um vetor de "convergência" que se projeta sobre o conjunto da sociedade a partir da visão dos consumidores de TV mais intensos. Vale à pena aqui fazer um registro: tanto nos EUA como na Europa as emissoras de TV não expõem cadáveres estendidos no chão em suas reportagens. Salvo apenas quando uma catástrofe acontece, porém elas têm uma espécie de "pacto" em não "espetacularizar" o crime e tão pouco a violência. Mas no Brasil ao contrário, nesse quesito deixa muito a desejar quando certos tele jornais sensacionalistas "ganham sua audiência" com o que há de pior das crises sociais. Fazem questão de expor a baixaria, o palavrão (mesmo que seja abafado pelo som de censura), o choro e a porrada comendo solta no meio da rua, o bandido sem camisa e em situação humilhante sendo preso. Isso ao meu ver é lamentável e empobrece a qualidade do conteúdo da TV aberta.
Concluindo: a TV em si não desenvolve o caráter agressivo ou qualquer outro em um individuo. Porem, a exposição prolongada à TV favorece o desenvolvimento das atitudes violentas, anti-sociais, pessimistas e até mesmo paranoicas. Isso acontece porque o individuo com maior nível de consumo de TV, tende a construir a percepção da realidade através do que lhe é dito pela própria televisão. E essa percepção é mais pessimista em relação àquela criada por outros indivíduos. Isso não é tão difícil de notar que de uns três anos para cá, o brasileiro tem se interessado mais em política do que em futebol e mais em justiça do que ver "o bandido se dar bem na lei de tirar vantagem em tudo." Aposto que você nunca viu qualquer jornalista ou programa de TV expor essa teoria. Eu também nunca vi até porque a eles não interessa passar ao público esse tipo de informação! Na verdade aqui no Brasil, quanto mais de uma forma geral o Governo puder ocultar o conhecimento e certas verdades à população, melhor para eles será. Isso partindo do princípio que a maioria das emissoras de TV são "empregadas do Governo Estadual e Federal" que por troca de uma dinheirama fazem os caprichos e as vontades de nossos doentes líderes. Cabe a cada um de nós saber escolher o canal e o tipo de programação ao apertar o controle remoto. Segue o fluxo gente amiga! E fiquemos atentos às fake news!
ERRY JUSTO - Radialista e Jornalista.
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