Os reflexos dos protestos dos caminhoneiros nas rodovias chegaram ao Mercado do Produtor em Juazeiro que registrou uma queda de 90 % na entrada de mercadorias na manhã desta quinta-feira (24). Os motoristas de caminhões e carretas estão interrompendo o tráfego em rodovias de todo o país, impedindo o transporte de produtos. Os protestos nas estradas que dão acesso ao município provocaram desabastecimento e alta de preços no Ceasa.
De acordo com o setor de estatísticas do entreposto a Central de Abastecimento costuma receber em torno de 200 a 250 caminhões por dia e devido à paralisação houve uma queda de 90% na entrada dos caminhões. Diversos produtos também tiveram aumento como a banana, o tomate, repolho.
Como grande parte dos produtos vem de outros estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, e os caminhões estão presos nas rodovias, se passarem muito tempo parados na estrada, não haverá mais como comercializar os produtos hortifruti, o que afetará o Mercado do Produtor de Juazeiro.
Algumas mercadorias tiveram reajustes, como a batatinha que chegou a ser comercializada a R$ 170,00 a saca com 50 kg, sendo que até ontem seria encontrada por R$ 120,00 e já está com pouca saca no estoque. Outros produtos perecíveis também caíram de preços e alguns não são encontrados como beterraba, cenoura e tomate. Todos os demais produtos comercializados no mercado já estão em falta, e não há informações de previsão para reabastecimento.
O comerciante Tenafly Mello que trabalha no Mercado do Produtor com a comercialização de bananas e cacau pontua as dificuldades deste momento. “Estava esperando hoje a chegada de 30 caixas de bananas, mas como vai vir madura demais vou perder em questão de vendas. Na minha cidade que fica no Sul o pessoal está dando as mercadorias por não ter compradores e nem como levar os produtos. É um momento complicado para nós e espero que essa paralisação tenha resultado positivo porque o preço da gasolina realmente está abusivo”, disse.
O presidente da Associação dos Permissionários do Mercado do Produtor Cristiano Coelho, relata que a situação é delicada para a comercialização no entreposto. “O Mercado está operando com apenas 10 % das vendas. Temos tempero seco que não chegou, pois ainda está em São Paulo na estrada, bem como os Cereais. Os permissionários estão preocupados com a situação e não querem nem abastecer seus estoques no momento, para não correr riscos de maiores prejuízos”, disse.
O diretor executivo da AMA Mitonho Vargas ressaltou a preocupação com o abastecimento do 5° maior entreposto do país em volume e comercialização. “Todos os Ceasas do Brasil têm sofrido as consequências deste movimento o que acarreta em quase todos os seguimentos da sociedade brasileira. A nossa preocupação é que se este movimento se estender por mais alguns dias ficaremos sem capacidade de distribuição e abastecimento de boa parte do Norte/Nordeste. Cerca de 80% das vendas de hortifrutigranjeiros do Ceasas do Piauí e Céara saem do nosso entreposto. Tudo isso trará ainda ajustes de preços e prejuízos inestimáveis de nossa produção e comercialização”, concluiu Mitonho.
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