Reconhecer e valorizar boas práticas de salvaguarda e conservação de bens culturais e imateriais associados à agrobiodiversidade, exemplos de convivência com a terra, amostras da genuína cultura do campo em que natureza e comunidades se misturam e se confundem num jeito de viver especial. Este foi o objetivo do Prêmio BNDES 2018, que acaba de divulgar a lista de experiências que se destacaram em Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT) no Brasil. Cinco delas foram consideradas as melhores, por revelarem a determinação e a capacidade criativa dos produtores na luta pela sobrevivência em harmonia com a terra.
A primeira colocada foi a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR), do Lago do Junco (MA); em segundo lugar, ficou a Associação dos Produtores Rurais de Vereda, de Matias Cardoso (MG); em terceiro, a Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro, de Eldorado (SP), na quarta colocação, a Associação Comunitária Rural de Imbituba, de Imbituba (SC) e em quinto lugar, será premiado o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), dos municípios baianos de Pilão Arcado, Campo Alegre de Lourdes, Canudos, Casa Nova, Remanso, Curaçá, Sento Sé, Uauá, Sobradinho e Juazeiro. Serão premiadas 15 iniciativas. Os primeiros cinco colocados receberão o valor bruto de R$ 70 mil e os demais R$ 50 mil. Foram inscritas 58 instituições de direito privado e sem fins lucrativos, localizadas em diversas regiões brasileiras.
O Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais é resultado da parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/Ministério da Cultura) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Segundo o presidente da comissão julgadora, pesquisador da Embrapa João Roberto Correia, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire), o prêmio é uma oportunidade de mostrar a diversidade de modos de vida, ritos e culturas de povos indígenas e de comunidades tradicionais. "Os sistemas agrícolas desses grupos precisam ser valorizados, porque estão vinculados à dinâmica econômica de várias regiões do País", comenta. "Os saberes ancestrais são um patrimônio que deve ser reconhecido e divulgado, porque carregam a essência das tradições locais que, ao longo de gerações, vão se adaptando às novas realidades e guardam uma riqueza de conhecimentos que permitem enfrentar os desafios colocados pelas mudanças do clima", completa ele.
Com a premiação, o que se pretende é dar o pontapé inicial para o mapeamento de sistemas agrícolas tradicionais em todo o território nacional, dando oportunidade às comunidades de serem reconhecidas nacionalmente pelo IPHAN e internacionalmente pela FAO. Para a gerente do Departamento de Inclusão Produtiva do BNDES, Fernanda Thomaz da Rocha, o prêmio será uma oportunidade de gerar subsídios para a implantação no Brasil do Programa de Sistemas Agrícolas Tradicionais de Relevância Global (GIAHS - Globally Important Agricultural Heritage Systems) da FAO. "Os GIAHS promovem a abordagem integrada que combina a agricultura sustentável e o desenvolvimento rural, com a salvaguarda dos bens sociais, culturais, econômicos e ambientais e serviços fornecidos pelos agricultores familiares, povos indígenas e comunidades locais", explica ela.
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