Atento à gravidade da conjuntura da política brasileira, e em veemente contraposição à narrativa urdida pela elite burguesa do país, com o claro objetivo de resguardar seus seculares privilégios, deponho o que segue:
Acuso os golpistas de haverem promovido, com o apoio da mídia e das forças reacionárias, um golpe político e institucional, destituindo um governo democraticamente eleito pela maioria do povo brasileiro.
Acuso os golpistas pela a adoção de medidas de ajuste das contas públicas que reduzem, pelo período de 20 anos, investimentos em setores vitais como saúde, educação, infraestrutura, segurança pública, dentre outros.
Acuso os golpistas pela política privatista, a qual, atendendo aos interesses do grande capital, vem fatiando o estado e suas políticas sociais entre setores da iniciativa privada, sedentos de mais vantagens e poder. Citem-se, à guisa de exemplos, a lei da “Terceirização” e o processo de privatização ora em curso.
Acuso os golpistas pela reforma trabalhista, que praticamente pôs fim à CLT, retirando dos trabalhadores direitos que há décadas haviam sido conquistados.
Acuso os golpistas pela extinção das políticas sociais, assim como dos programas habitacionais e de incentivo a estudantes de nível técnico e superior.
Acuso os golpistas de julgarem, condenarem e prenderem, sem provas concretas, um ex-presidente da República, apenas para privá-lo do direito legítimo de participar do processo eleitoral.
Acuso os golpistas de desvirtuarem o Estado Democrático de Direito; de burlarem a Constituição Federal; de agirem pela força do arbítrio; de destruírem as instituições democráticas; de pretenderem enfraquecer os movimentos sociais; de instigarem a política do ódio e da selvageria.
Acuso os golpistas de tentarem destruir nossos sonhos e perspectivas; de negarem aos pobres o direito a uma vida mais digna, conforme garantido pelas leis e convenções nacionais e internacionais; de comprometerem a vida e o bem-estar das atuais e futuras gerações.
(NB: J'accuse [Eu acuso] é o título de um artigo de Émile Zola, publicado há quase 120 anos no jornal L'Aurore de Paris. No texto, o escritor francês lançava uma série de acusações ao presidente da República da França, responsável pela condenação injusta do capitão Dreyfus, a quem havia sido imputado, sem provas, o crime de traição).
José Gonçalves do Nascimento
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