Este Blog apurou com exclusividade que os cantores Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Alceu Valença serão confirmados no São João de Caruaru 2018. A programação oficial será divulgada amanhã quinta-feira (26). Ano passado a tradicional disputa entre Campina Grande e Caruaru, da cidade que faz o "Maior e Melhor São João", ganhou um aspecto, infelizmente, indigesto, pois o que se viu foi uma saraivada de críticas as duas administrações por contratarem em 2017, cantores e bandas sem repertório condizentes com a cultura dos festejos juninos.
O fato dos contratos em sua grande maioria ser de cantores sertanejos e bandas eletrônicas, provocou o coro dos sanfoneiros que lançaram a campanha "Devolvam o nosso São João", encabeçada pelos músicos Joquinha Gonzaga e Chambinho do Acordeon, Targino Gondim, Flávio Leandro que denunciam uma descaracterização do São João nas programações dos festejos públicos, o cantor e compositor Alcymar Monteiro defende uma maior valorização do forró.
O manifesto ocorreu nas redes sociais e contou com a participação de dezenas de músicos de diversos estados do Nordestes. Portando cartazes de protesto, eles chamaram a atenção para o espaço dedicado aos gêneros tradicionais em um dos principais festejos da cultura nordestina.
Para Alcymar, a forma como as gestões públicas municipais e estaduais têm elaborado os festejos do ciclo se consolidam como um "desprestígio com as novas e futuras gerações, pelas mãos de uma gente que tenta usurpar a cultura de um povo". Em sua fala, se refere às mesmas negociações entre gestores e produtores denunciadas por Joquinha, sobrinho de Luiz Gonzaga.
O herdeiro do Rei do Baião acredita que os principais motivos para a perda de território nos festejos da época são a falta de aporte da iniciativa pública e às negociações com grandes empresas de entretenimento, que decidem as atrações. "Eles é que estão montando esse esquema. Os empresários estão manipulando tudo, chegam nas prefeituras e compram o espaço todo. Botam quem eles querem, menos os sanfoneiros", denunciou o sanfoneiro.
"Essa é festa espoliada por pessoas que são alheias à nossa cultura, que não compreendem esse tipo de manifestação. E que acham que o forró é uma música de 2ª classe", concorda Alcymar. O forrozeiro classifica as tradições culturais como um direito universal, existente no mesmo patamar que outras garantias básicas necessárias como saúde e alimentação. "O forró é a trilha sonora da maior festa de inverno do mundo. Uma manifestação que é a representação dos nossos valores mais profundos, oriundos de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, esses grandes menestréis que construíram nossa cultura musical", afirma.
"Parece que este ano Caruaru criou um pouquinho do juízo e acertou o passo. Vai ter forró do bom", diz o sanfoneiro Beto de Hortencio, nascido em Caruaru.
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