O Dia do Jornalista foi comemorado no dia 7 de abril. Instituída em 1931, por decisão da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), como homenagem ao médico e jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, morto por inimigos políticos em 1830, a data que quase sempre passa despercebida este ano foi marcada por um período onde esses profissionais foram bastante demandados.
O papel do jornalista de formar opiniões, conscientizar a população, oferecer à sociedade conhecimento e informações úteis em benefício das pessoas, além de contribuir para o crescimento individual, profissional e social do cidadão, tem sido cerceado a cada dia. O compromisso com a verdade tem sido agora 'o compromisso dos patrões da comunicação com seus interesses'. A pressão dos anunciantes tem colocado em xeque a credibilidade da imprensa, indo de encontro a obrigação principal do jornalismo que é a ética profissional.
Conforme os jornalistas norte-americanos Bill Kovach e Tom Rosenstiel, autores do O livro "Os Elementos do Jornalismo: o que os jornalistas devem saber e o público deve exigir", o importante é servir o indivíduo com informações relevantes para a melhoria da sociedade, tendo como princípio a lealdade. "O que significa ser leal com o público? "Para ser leal à sociedade é preciso ser dedicado e honesto. O jornalista não pode nem deve acrescentar nada além dos fatos. É preciso manter a qualidade, coerência, exatidão e veracidade na apuração e na elaboração das matérias. É o que a sociedade espera de um jornalista", enfatizam.
Outro fato que marcou a semana foi a manifestação da Rede Globo em relação à opinião dos seus profissionais. Após o vazamento do áudio atribuído ao apresentador do jornal Bom dia Brasil, Chico Pinheiro, em que faz críticas e um desabafo sobre a ação do juiz Sérgio Moro ao decretar a prisão do ex-presidente Lula, o diretor-geral de Jornalismo da emissora, Ali Kamel, enviou um e-mail aos jornalistas para alertar sobre o uso de redes sociais. Em um dos trechos da gravação Chico diz: "Os coxinhas estão perdidos. Precisam de outro caminho agora". A reação quase que imediata de um dos representantes da 'família Marinho' é uma demonstração de que mesmo tendo um lado, seus colaboradores, principalmente jornalistas, não pode externar em público ou para o público.
A nova forma de se fazer jornalismo divide opiniões e acende a discussão sobre a regulação da mídia. É inaceitável a manipulação barata e covarde imposta pela grande mídia á incautos telespectadores. No momento em se faz necessário usar os meios mais acessíveis de comunicação para discutir de forma responsável e prudente a situação que vive o Brasil e os brasileiros, programas de televisão se não incitam o caos, exibem aquilo que não contribui para a formação de uma sociedade cidadã e consciente. Exemplos do mau jornalismo atrelado ao mau-caratismo são encontrados facilmente nas mais diversas programações do rádio e da televisão brasileira. No final da tarde desta quarta-feira, dia 11 de abril, um programa que se intitula como 'o maior exibidor de violência, crimes e utilidade pública do país', teve por quase uma hora toda a sua programação voltada para o resgate de um cachorro que caiu em um córrego em São Paulo. Helicóptero sobrevoava o local, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e outros profissionais estiveram envolvidos no socorro do pet. Todo o Brasil ficou na expectativa acompanhando cada momento deste importante fato que roubou literalmente a cena. Uma clara demonstração da falta de senso para um país repleto de boas pautas.
O 7 de abril passará a ser marcado também, a partir deste ano, como o dia em que prenderam o maior líder político do Brasil, o ex-presidente da república, por dois mandatos consecutivos, Luís Inácio Lula da Silva. Acusado, de ter recebido de presente um apartamento no litoral paulista, Lula é inimigo declarado por empresas e empresários responsáveis pelo emprego de jornalistas.
Aos verdadeiros jornalistas, um desejo por melhores dias.
Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador
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