O presidente Michel Temer estuda fazer um pronunciamento em rede nacional na segunda-feira (2) para se defender mais uma vez das suspeitas de envolvimento em um esquema de corrupção no setor portuário. Segundo a reportagem apurou, a ideia é seguir, no rádio e na TV, a mesma linha da nota emitida nesta sexta-feira (30) pelo Palácio do Planalto, com ênfase no que auxiliares classificam como defesa da honra do presidente.
Em sua fala, o presidente deve destacar "excessos" da operação da Polícia Federal que prendeu seus amigos mais próximos, na quinta-feira (29), e reforçar o discurso de que todo brasileiro "tem direito à ampla defesa". Auxiliares argumentam que Temer não deve falar diretamente de seus amigos e assessores detidos, como o advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima Filho, acusados de serem operadores de longa data do presidente.
Para eles, Temer precisa seguir um "rito de estadista" e criar um contraponto às acusações, mais uma vez apostando na tese de que estão tentando acabar com sua vida pública. Nesta sexta, após reunião com ministros e auxiliares no Palácio da Alvorada, o presidente divulgou uma nota em que acusa "autoridades" de tentar destruir sua reputação, utilizando-se de "métodos totalitários".
No texto, Temer insiste que o decreto editado pelo seu governo no ano passado para o setor portuário não beneficiou a empresa Rodrimar, cujo dono foi preso nesta quinta. "Sem ter fatos reais a investigar, autoridades tentam criar narrativas que gerem novas acusações", diz o comunicado assinado pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.
A tese do núcleo do governo é de que as prisões servem para forçar delações premiadas que comprometam o presidente e criem um enredo substancioso que sirva de base para a apresentação de uma terceira denúncia contra ele. Temer já foi alvo de duas denúncias apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em 2017. Ambas foram engavetadas pela maioria dos deputados com o argumento de que os fatos apresentados pelos procuradores eram uma "ficção". Agora, o presidente volta a utilizar a estratégia de desqualificar as investigações, discurso que encontrou eco nos aliados e teve êxito na época da delação da JBS.
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