É óbvio que Marielle Franco será uma espécie de "mártir" da causa humanista da igualdade racial e da diversidade, bandeiras que sustentava ostensivamente em suas manifestações e enfrentamentos com opositores e autoridades. No entanto, ela fez do enfrentamento um método de mobilização e emprego tático de seus quadros. O posicionamento político de Marielle, de fato, era bastante controverso. Nas redes sociais, a Desembargadora carioca Marília Castro Neves chegou a informar ter a vereadora pertencida ao Comando Vermelho. Embora se declarasse uma liderança oriunda politicamente da favela, o mapa eleitoral da socióloga Marielle revela que não foram as comunidades faveladas que a elegeram. Mais de 60% de seus eleitores provieram dos bairros nobres da zona sul do Rio de Janeiro e da Barra da Tijuca. Na Rocinha, a vereadora obteve duas dezenas de votos. A diversidade de votos não deslustra o mandato ungido nas urnas, mas revela uma territorialidade e segmentação do eleitorado, que a meu ver, pode ter importância na apuração dos fatos. A questão, portanto, não está no martírio de Marielle, mas no que pretendem dele fazer uso seus beneficiários diretos, no campo político e criminal. Em virtude disso, sem faltar com o respeito devido a quem é abatido covardemente, por conta de suas convicções e valores, vale a pena dissecar o ato criminoso, que parece ser conveniente aos inimigos do Estado brasileiro, e muito inconveniente à causa da Lei e da Ordem.
A mobilização de inteligência militar certamente causa temor entre os que vivem politicamente da vitimização das comunidades, pois abrange o mapeamento de lideranças e o detalhamento de suas conexões com a marginalidade que domina o território. Causa temor nos líderes da criminalidade organizada - traficantes de droga associados às facções que já transcendem os limites do estado do Rio e do Brasil. Inquieta igualmente as chamadas milícias, organizadas pelos que privatizaram a segurança pública e estendem sua "proteção" ao fornecimento dos demais serviços comunitários. Esses grupos mantém um Estado dentro do Estado. Sustentam ampla rede de criminalidade, favorecimentos e corrupção política, com ramificações notórias no governo carioca e na sua oposição política. Esse cipoal de relações comprometedoras envolve verbas federais, organismos multilaterais que sustentam organizações não governamentais (ONGs) que vivem da vitimização social carioca, entidades internacionais interessadas em se imiscuir na soberania do Brasil por qualquer meio disponível, profissionais que vivem das ações criminosas e da repressão frágil, de uma polícia que finge reprimir e um judiciário que finge punir. Trata-se de um "ecossistema simbiótico", que se sente vivamente ameaçado pela ação federal. O imbróglio da morte de Marielle, portanto, parece servir como uma luva a esse "bioma do mal".
O fato incentiva a pressão popular. Esse fator favorece os ativistas judiciais, militantes das causas dos direitos humanos, persecutores ideologizados e políticos radicais - vários deles colegas de luta da vítima. Com o burburinho eles usarão o fato para tentar devassar, não a criminalidade, mas, sim, a estrutura de inteligência policial e militar, expondo seus elementos inseridos nas comunidades em questão. O delito, assim, não testemunha um martírio. Parece formar uma complexa e bem articulada "isca", para obrigar o Estado a expor, aos olhos dos inimigos da intervenção federal, o que a autoridade interventora está planejando. Trata-se de uma "coreografia" já dançada em várias outras ocasiões, mundo afora, típica do embate entre Estado, crime organizado, paramilitares e militantes.
Infelizmente se percebe muito barulho e pouca luz! Parlamentares do PSOL, no entanto, afirmaram à imprensa que Marielle não havia mencionado estar recebendo ameaças. Esse detalhe é importantíssimo, pois revela que a ação não foi precedida de um conflito interpessoal ou político. Marielle foi infelizmente "o alvo escolhido", para iniciar um processo obscuro, com finalidade diversa à sua execução. Uma vítima oportuna, um corpo conveniente. Essa coreografia política pervertida, se desenvolve sem qualquer consideração ou respeito à verdadeiras vítimas de todo esse embate: os cidadãos comuns, desarmados, desamparados, martirizados e desprezados.
De fato, esse crime a meu ver foi um componente de uma bem articulada armadilha institucional, que tem por objetivo obrigar o Estado a mostrar suas ações investigativas à uma mídia colérica. Esse "clarear com fogos sinalizadores", de fato, irá expor aos olhos dos inimigos da intervenção federal toda a estrutura de inteligência da autoridade interventora, fragilizando a operação. O corpo de Marielle, é preciso repetir, constitui apenas uma pequena ponta exposta da "armadilha." que está sendo cuidadosamente montada pelos radicais de todas as matizes, provindos da militância política e do crime, com o apoio da mídia. Isso certamente poderá até capturar o dispositivo de intervenção e pôr fim ao esforço de restauração do Estado de Direito no território conflagrado do Rio de Janeiro. Eu Erry Justo sou carioca e nascido naquela capital, e conheço muito bem essas "manobras coreografadas da esquerda" em suas ações e atribuições. Marielle, infelizmente, reduziu-se a um "corpo conveniente", servido à comoção popular, em prol dos canalhas contrários à intervenção. É duro ter que reconhecer isso, mas vamos aguardar ainda o decorrer dos fatos. Muita água vai rolar por debaixo dessa ponte, vocês verão!
ERRY JUSTO - Radialista e Jornalista.
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