Candidatos às eleições de 2022 têm um desafio: conquistar jovens eleitores

Eles querem mais proximidade com causas e estão descontentes com os políticos do país, demonstrando elevada desconfiança nos partidos políticos. É o que mostra um estudo divulgado hoje pela Luminate, uma organização sem fins lucrativos dedicada a melhorar a qualidade da representatividade cívica nas democracias.

A pesquisa foi feita em parceria com as pesquisadoras da USP Esther Solano e Camila Rocha.

Os candidatos às eleições de 2022 têm um desafio: conquistar jovens eleitores. O prazo para esses jovens confirmarem a participação nas eleições de outubro se encerra em maio e, de acordo com uma pesquisa da Luminate, esse grupo não parece animado com o debate político.

Nas eleições de 2018 já foi constatada uma queda de 40% entre os eleitores de 16 e 17 anos em comparação com as eleições municipais de 2016 de acordo com o balanço do eleitorado feito pelo Superior Tribunal Eleitoral. Com a crescente polarização política para o atual momento eleitoral, com os líderes nas pesquisas tendo alta rejeição, a tendência é que a participação dos jovens nas eleições continue caindo em 2022.

 De acordo com dados do Barômetro das Américas, realizado pelo Projeto Latino-Americano de Opinião Pública (Lapop na sigla em inglês), houve um crescimento de 8% entre 2008 e 2021 das opiniões que estão muito em desacordo sobre a afirmativa da democracia ser a melhor forma de governo, indo de 8% para 16%. Em uma análise mais qualitativa, as pesquisadoras Esther Solano e Camila Rocha, da USP, produziram a pesquisa “Juventude e democracia na América Latina”, em conjunto com a Luminate. Ficou evidente o descontentamento dos jovens brasileiros com a vida política nacional.

Segundo a análise das pesquisadoras, os entrevistados consideram, entre os pontos principais, que o país está afundando na corrupção, que o sistema político é sujo e corrompido, e não se pode mais confiar nele. Como comparação com os vizinhos do Brasil, os dados do Lapop revelam que 25% dos entrevistados no continente americano discordam que a democracia é a melhor forma de governo.

Esta menor participação dos jovens em questões políticas foi reconhecida por alguns dos entrevistados, que acreditam ser necessário aumentá-la. Eles consideram a presença em manifestações como importante, mas quase nunca comparecem a elas. As principais causas apontadas para essa ausência foram medo da violência policial, conflitos familiares, e receio de consequências agressivas da polarização política (conflitos entre manifestantes).
 
PERCEPÇÕES DIFERENTES SOBRE DEMOCRACIA: As pessoas abordadas no estudo têm diferentes percepções da democracia. Por exemplo, alguns jovens relataram que um governo autoritário pode ser necessário para fortalecer a democracia, enquanto outros acreditam que este fortalecimento se dará com maior participação popular e aumento de representatividade de setores sociais no Congresso.

Segundo o estudo, os jovens consomem informações principalmente por meio de redes sociais, mas utilizam a mídia tradicional para confirmar a veracidade de fatos por ser mais credível. Além disso, os entrevistados começaram a ganhar consciência sobre a questão ao interagirem com comentários nas redes sociais ou seguir influenciadores.

Esta faixa etária também tem maior tendência de se engajar de forma online em questões próximas de sua comunidade e a atuação de ONGs e universidades são as mais bem vistas pelos jovens, enquanto que toda a esfera institucional é encarada com desconfiança. Os jovens também tendem a se recordar mais dos candidatos locais comparado aos que disputam uma vaga em nível federal.

Redação redeGN com informações USP