Artigo – Eleições: Os extremos se encontram

Nada mais óbvio com a chegada de um Novo Ano do que o despertar de novas esperanças no universo dos projetos individuais e coletivos, sempre desejosos de que as realizações se concretizem.

Isso rejuvenesce o ânimo das pessoas e alimenta a alma, produzindo novas energias para vencer os obstáculos naturais e, eventualmente, derrotar as forças negativas e contrárias que se interpõem.

Assim, de modo geral e seguindo os ciclos naturais da vida, a sociedade tem o dever de cumprir as regras institucionalmente criadas para regular a estrutura social. Um dos importantes deveres criados pelo Sistema, é votar nas eleições bianuais que elegem Prefeitos e Vices, e Vereadores (ocorreu em 2020) e Presidente da República e Vice, Governadores e Vices, Senadores, Deputados Federais e Estaduais (outubro de 2022). E isso tem um nome bonito e muito desejado, chamado: DEMOCRACIA.

Isto posto, entramos num ano de grande importância no Calendário Político nacional e que se configura na maior expressão do processo democrático vigente, pelo significativo poder livre do voto popular de aprovar os que querem renovar o seu tempo de exercício do poder outorgado na última eleição, ou se submeterem à derrota pelo julgamento da reprovação nas urnas. É uma decisão de grande responsabilidade e aqueles que se omitem em cumprir o dever cívico de votar, perdem o direito da explícita contestação pelos eventuais acertos ou desacertos daqueles que praticaram a sua obrigação constitucional de votar.

Na minha crônica aqui editada em 12/01/2014, sob o título UMA INVERSÃO DE VALORES, dentre outras reflexões, essa merece ser relembrada porque atual:

“[...] a nossa geração tem sobre os ombros um pesado fardo de responsabilidade quanto ao que passará às gerações futuras. Enquanto há tempo, é preciso que haja a intervenção eficaz das autoridades sérias deste nosso país para conter nos seus limites esses desvios ou ainda que nós eleitores nos conscientizemos de que urge exercer o direito do voto de forma independente e responsável nas próximas eleições, dando um basta ao voto corrompido e mercantilista”.

Parece um prognóstico ou uma visão de oito anos atrás, do ponto de vista que devemos acordar para uma nova forma de exercer nosso direito enquanto cidadãos.

Um detalhe que chega a ser preocupante, é observar que as paixões políticas com matizes de Esquerda e Direita estão adquirindo uma temática extremista de tal nível, em que as discussões entre amigos e até mesmo familiares, começam a ter uma tonalidade mais exacerbada, com o perigoso risco de perda do controle. O debate é sempre construtivo, mas não pode perder o equilíbrio e a moderação, sustentáculos das boas relações. Diria que os políticos concorrentes que aí estão não merecem esse sacrifício extremo de amigos e familiares! Poderia mesmo assegurar que nenhum deles merece, pois, como diz o velho ditado: “são todos farinha do mesmo saco”.

Não obstante essas circunstâncias colocadas, é impositivo reconhecer o quanto tem valor a participação no debate político, ao invés da omissão e inércia diante da necessidade da construção de uma nova história. Um povo apático não redesenha um novo futuro para o seu País. A paixão aguda e aguçada que testemunhamos ultimamente, porém, só nos leva ao retrocesso, isso posso afirmar!

Embora os abraços e afagos tradicionais tenham sido ainda contingenciados na recente passagem do ano, face as restrições impostas pela resistente Pandemia do Coronavírus, mesmo assim as palavras trocadas ao “pé do ouvido” foram sempre um testemunho de fé em melhores dias para o futuro. É preciso refletir que os debates político-ideológicos das diversas facções partidárias devem ser respeitados, observados os limites constitucionais e os interesses da Pátria. Isso possibilitará que os EXTREMOS SE ENCONTREM e, como eu disse na crônica anterior, nessa época os OPOSTOS SE ATRAEM.

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador - BA.