Réveillon de pessoas de situação de rua de Juazeiro e Petrolina é marcado entre esperanças e falta de políticas públicas

Mesmo com os enfeites e luzes de Natal, o Final de Ano não tem brilho e esperanças para pessoas em situação de rua em Juazeiro e Petrolina. Na orla o carroceiro cata lata para alimentar a família em plena noite de Ano Novo, na virada de 2021 para 2022. Dezenas de pessoas desempregadas montam "um comércio" para tentar apurar algum dinheiro. 

A situação do carroceiro ainda consegue ser melhor. Pois ele tem um lar e tem uma renda mínima com a venda das latas. Diferente de Mário que não tem trabalho e não consegue emprego.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que 221.869 pessoas vivem nas ruas do Brasil até março deste ano — alta de 140% em relação a 2012. No entanto, esses números podem ser maiores, pois foram compilados antes da pandemia e levam em conta apenas cadastrados em programas sociais.

A reportagem da REDEGN conversou com algumas pessoas em situação de rua em Juazeiro e Petrolina antes da meia noite. O réveillon de pessoas que vivem em situação de rua na área central de Juazeiro e Petolina são "invisíveis", pela maioria da população.

"As coisas estão cada vez mais difíceis. Hoje choveu e ai falta alimentos, até o cobertor pois a noite está mais fria", disse um morador de rua que não quis ser identificado.

"Não existe um censo nacional da população de rua, mas apenas estimativas e contagens em algumas cidades. Sem conseguir mensurar o tamanho e as características desse contingente, fica muito difícil fazer políticas públicas que não sejam baseadas em preconceitos e estereótipos", diz Juliana Reimberg, mestranda em ciência política pela USP e pesquisadora da área no Centro de Estudos da Metrópole (CEM).

São múltiplos os fatores que levam as pessoas às ruas. Segundo o censo pesquisa "conflitos familiares" como motivo principal. Outros 26% culparam a "perda de trabalho". Dependência de drogas ilícitas e álcool somam 33%. Perda de moradia, 13%.

Ninguém vem para a rua à toa. Em Juazeiro e Petrolina a Associação Beneficente Aliança do Bem PNZ, tem contribuído com afeto com dezenas de pessoas que vivem em situação de rua.

"A Aliança do Bem PNZ atua desde 2015 em Petrolina e Juazeiro. São varias ações, exemplo alimentação  para as pessoas em situação de rua e pessoas carentes. Fazer o bem sem olhar a quem, fazem o bem nos faz um bem danado é nosso lema", avalia Fabricio Alex Santos Costa, fundador e presidente da Aliança do Bem PNZ.

No Natal desde ano o grupo realizou a Campanha Natal Sem Fome, distribuiram mais de 100 marmitas, copos de sucos, kite higiene, lençois, máscaras,  alcool gel cestas em diversas comunidades carentes. Nas invasões do Buraco da Vaca e Lagoa do Dom Avelar e nos bairros São Jorge e Dom Avelar foram doadas 40 cestas básicas.

A aliança também promoveu apresentação musical nos abrigos de Juazeiro e Petrolina com participação de Otávio Duarte, Kalvert Richard, Iana Lemos, Ivan Greg e Dirceu Rodrigues.

Mário Rivas agradeceu ao grupo. "Isto é uma benção. Ainda bem que existe vocês.".

No próximo dia 15 de janeiro 2022, o Grupo Aliança do Bem vai realizar mais uma ação com distribuição de alimentos para as pessoas em situação de rua em Juazeiro e Petrolina.

No mês de abril, em resposta a REDEGN, a Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade (SEDES), informou que ainda não possui um levantamento do número de pessoas em situação de rua no município, mas percebe, a partir das abordagens em diversos pontos da cidade, que esse quantitativo tem aumentado. Contudo, também não é possível precisar se o aumento está associado à pandemia do novo coronavírus ou a outros fatores. 

De janeiro a abril de 2021, foram realizadas 14 abordagens às pessoas em situação de rua, em pontos estratégicos da cidade. Durante essas ações, os usuários que expressam consentimento são encaminhados para o Isolamento do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP). No espaço, eles contam com acompanhamento de uma equipe multiprofissional, alimentação, atividades socioeducativas e atendimento médico. Além disso, a equipe do serviço também entra em contato com a família do usuário, a fim de promover a sua reintegração familiar e o fortalecimento dos vínculos.

A SEDES ressalta, ainda, que a legislação não permite o encaminhamento compulsório dessas pessoas para o Isolamento do Centro POP. Elas precisam aceitar o atendimento.

Redação redeGN Texto Ney Vital