Ararinhas azuis: 1 ano do retorno ao sertão de Curaçá, Bahia e informações esbarram na burocracia do Ministério do Meio Ambiente

Quais são as ações para a reintrodução das Ararinhas Azuis Cyanopsitta spixii) na Caatinga de Curaçá, Bahia, e o que ainda precisa ser feito para concretizar sua volta à natureza? Algum projeto junto a comunidade foi realizado no período pós chegada das Ararinhas?

Este e outros questionamentos são e estão difíceis de obter devido a burocracia e a falta de diálogo do Ministério do Meio Ambiente. A redação da RedeGN apesar dos emails enviados para Brasília e as solicitações sobre o andamento do processo da reintrodução da Ararinha Azul ao sertão sempre esbarra na demora das respostas. 

Emails e envios de watSapp, não são respondidos. Tudo é centralizado em Brasília.

Uma outra questão levantada pela reportagem da RedeGN, enviada ao Ministério do Meio Ambiente foi com relação as inúmeras queixas de associações e movimentos sociais que passado 12 meses desde o retorno da Ararinha Azuis ao sertão de Curaçá, Bahia, foram completamente esquecidos nas ações prometidas pelo Governo Federal e a parceria do Projeto de Reintrodução da Ararinha Azul. 

"O meu desejo é te ver voando/O meu desejo é te ver voltar/Minha esperança é te ver voando/Da Serra da Borracha até a Serra do Juá... O semiárido está por ti em festa/O xique-xique sorri pro mandacaru/A sua volta é cada vez mais perto/seja bem-vinda ararinha-azul”.

Os versos da canção Esperança Azul, dos cantores e compositores Fernando Ferreira, Demis Santana e Januário Ferreira, continuam embalando o sonho dos moradores de Curaçá, no sertão da Bahia, de ver de volta a ararinha-azul, ave exclusiva da região e extinta na natureza.

O projeto une esforços dos governos federal e estadual, organizações não-governamentais (ONGs) e empresas privadas e tem apoio de centros de pesquisa e criatórios no Catar, Alemanha e Bélgica e busca reintroduzir nos próximos anos a ave no seu habitat histórico.

No dia 03 de março do ano passado, as Ararinhas Azuis, 52 aves, vindos da Alemanha, desembarcaram no aeroporto de Petrolina de onde seguiram para o Centro de Reprodução e Reintrodução, que foi construído em Curaçá. Lá, as aves estão sendo preparadas para a soltura no ambiente natural.

Informações do site do Insituito Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) consta que as Ararinhas Azuis estão sendo preparadas para se adaptar às condições climáticas e ecológicas da Caatinga, identificar alimentos e se defender dos predadores naturais, antes de serem soltas na natureza.

O ICMBio publicou em 2012 o Plano de Ação Nacional a Conservação da Ararinha-azul (PAN Ararinha-azul), cujos objetivos são o aumento da população manejada em cativeiro e a recuperação do habitat de ocorrência histórica da espécie, visando à sua reintrodução na natureza. 

HISTÓRICO: No dia (3) de Março de 2020, cinquenta ararinhas-azuis desembarcam no Brasil, no Aeroporto de Petrolina, vindas da Alemanha. Após o pouso, as aves foram levadas para a cidade de Curaçá, na Bahia, onde um centro de reprodução foi construído especialmente para recebê-las.

A primeira soltura da ararinha-azul está prevista para 2021. Ao longo deste período, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os animais passarão por processo de adaptação e treinamento para viverem em vida livre.

As ararinhas-azuis são consideradas extintas na natureza desde o ano 2000, devido às ações de caçadores e traficantes de animais. Atualmente, existem 166 exemplares da ave mantidos em cativeiro. Além dos 13 no Brasil, há 147 na Alemanha, dois na Bélgica e quatro em Singapura, países que participam do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul.

O processo de retorno das araras-azuis ao Brasil faz parte de um acordo firmado no ano passado entre o ICMBio e a ONG alemã, Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP), que mantém as aves.

Descoberta no início do século 19 pelo naturalista alemão Johann Baptist von Spix, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), espécie exclusiva da Caatinga brasileira, Curaça-Bahia, teve sua população dizimada pela ação do homem. O último exemplar conhecido na natureza desapareceu em outubro de 2000.

Desde então, os poucos exemplares que restaram em coleções particulares vêm sendo usados para reproduzir a espécie em cativeiro, quase todos no exterior. A ararinha é considerada uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo. Em 2000, foi classificada como Criticamente em Perigo (CR) possivelmente Extinta na Natureza (EW), restando apenas indivíduos em cativeiro.

Rara, a espécie vivia originalmente numa pequena região de Curaçá, no norte da Bahia, onde o Governo Federal criou, em junho de 2018, duas unidades de conservação: o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul (com 29,2 mil hectares) e a Área de Proteção Ambiental da Ararinha-azul (com 90,6 mil hectares), destinadas à reintrodução e proteção da espécie, e conservação do bioma da caatinga.

Redação redeGN Fotos Ney Vital arquivo 2020