Ao se despedir do cargo, Rodrigo Maia chora e pede país com menos desigualdade

Em meio às lágrimas, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) fez seu último discurso após 4 anos e 7 meses como presidente da Câmara. Essa foi a primeira vez na história que um parlamentar comandou a Câmara por três vezes seguidas.

"Eu me preparei para não chorar. Honra que tive pelos últimos 4 anos e 7 meses. Onde eu tive a oportunidade de conhecer o meu país, através de cada um de vocês. Através de diálogos, visitas, conversas na Câmara. Através dos deputados, conheci melhor a nossa realidade e os nossos desafios", disse. 

Maia afirmou que 2020 foi o ano mais difícil de sua gestão em virtude da pandemia de covid-19. Desde março do ano passado, as atividades legislativas têm sido realizadas de forma virtual. Nas votações, apenas líderes partidários são autorizados a permanecer no plenário. 

Com um discurso carregado de emoção, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), se despediu do cargo. Ele dará lugar ao novo gestor eleito para ocupar o posto pelos próximos dois anos. Maia, que continua deputado, relembrou os momentos de pandemia, a proposta de emenda à Constituição que liberou orçamento extra, chamada de PEC da guerra, e as votações importantes durante sua gestão.

Emocionado, o deputado se despediu do cargo lembrando sua trajetória ao longo do cargo. "Tive a oportunidade de conhecer melhor o meu país, por meio de cada um de vocês. Através de diálogos, de visitas, que fiz com alguns de vocês. De conversas na residência da Câmara", disse.

"A PEC da guerra foi uma construção desta casa. Tivemos votos de todos os partidos, unidos, em um momento tão difícil que vivemos no ano passado e vamos continuar vivendo neste ano. Eu quero agradecer a cada um de vocês por essa oportunidade, para quem faz política. O governo federal e seus Três Poderes é injusto, porque concentra renda na elite dos servidores públicos", completou.

Ele pediu que o próximo presidente da Casa e os demais parlamentares atuem para reduzir a desigualdade que assola o país. "Todos nós sabemos, a esquerda e a direita, que esse não é o país que chegamos aqui para defender... São essas injustiças que fazem o Brasil ser tão desigual", destacou.

Ao final, foi aplaudido pelo plenário.

ATRITO:  No início da tarde, Rodrigo Maia e Arthur Lira foram protagonistas de um bate-boca quente, com direito a tapas na mesa e ofensas pessoais. 

Tudo começou quando o PT alegou problemas técnicos para registrar apoio a Baleia Rossi e, por isso, teria perdido o prazo, que se encerrava às 12h. Diante das dificuldades, Maia convocou reunião de líderes para permitir o registro do bloco. Alguns líderes do bloco de Baleia relembraram que o mesmo problema técnico teria ocorrido há dois anos e impediu o PDT de ficar com cargos na Mesa Diretora.

A decisão final sobre reconhecer o registro do bloco cabia apenas a Maia, como presidente da Casa. A reunião já começou tensa, com Maia e Lira gritando um com o outro. Lira disse ter consultado o diretor técnico da Casa, que teria informado não haver problema nenhum no sistema e que todos os outros partidos conseguiram fazer o registro no prazo - Rede, PV, PCdoB, Cidadania, PDT, MDB, PSDB, Solidariedade e PSB.
 
"É só uma questão de coerência temporal. Todos cumpriram o prazo, menos o PT", disse Lira, segundo parlamentares presentes à reunião. Diante dos protestos de Lira, Maia respondeu: "Eu sou presidente da Câmara hoje. Eu decido. Amanhã você pode decidir".

Irritado, Lira bateu a mão na mesa. "Vossa excelência está atropelando", disse ele. Maia cobrou respeito: "Você não está em Alagoas, não bata na mesa". Lira, por sua vez, manteve o tom: "E você não está no morro do Rio de Janeiro".

Ao fim da discussão, o bloco de Baleia Rossi conseguiu fazer o registro com dez partidos, incluindo PT, que alegou problemas técnicos, além do PSDB e do Solidariedade, que cogitaram ficar neutros na disputa.

Correio Braziiliense e Agencia Brasil