"Dados mostram que tremor de terra não são raros de acontecer em Jacobina", revelam estudos

Os moradores de Jacobina, no norte do Bahia, estão assustados com os quatro tremores de terra que têm acontecido em menos de dois meses, segundo o laboratório de sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que monitora esses fenômenos no Nordeste.

A preocupação é ainda maior por causa dos riscos desses abalos sísmicos comprometerem a estrutura nas barragens de rejeitos de minério, localizadas na cidade.

Segundo o laboratório, os dois primeiros tremores aconteceram no dia 9 de dezembro, de 3 e 3,2 pontos de magnitude, outro de 2,6, na última segunda feira (25), e o mais um de 1,6 pontos na terça (26).

Moradores de alguns bairros, como o Jacobina III, sentiram os impactos dos tremores. As marcas do último, inclusive, ficaram na memória e nas paredes da casa da técnica de enfermagem Iraci Maria da Silva.

"A minha casa está toda rachada com esses tremores. Eu disse: 'pronto, se for embaixo do cão vai desabar e vai descer todo mundo'", contou a técnica de enfermagem.

Pode não parecer, mas essas situações não são raras de acontecer aqui em Jacobina. É o que consta nos catálogos sísmicos brasileiros, que registram movimentações de terra em todo o país. O que podem causar, além de sustos e prejuízos aos moradores, outros acidentes sérios.

"O Ministério Público, já em 2019, já tinha identificado que em 1990 pelo menos, havia um registro de abalo sísmico em Jacobina, mas Jacobina não poderia ser classificada como uma zona sísmica", contou o promotor de justiça, Pablo Antônio Cordeiro de Almeida.

Em um despacho do dia 10 de dezembro, o promotor Pablo Antônio Cordeiro, apontou mais uma vez erros em um estudo da JMC Yamana Gold, empresa responsável pela barragem de rejeitos de minérios, que afirmou estar em área assísmica, ou seja, sem movimentações de terra, ao contrário do que diz outro estudo da rede sismográfica brasileira.

"O Ministério Público também, ao tomar conhecimento dos abalos sísmicos, solicitou ao laboratório de sismologia do Rio Grande do Norte, que eles informassem a profundidade do epicentro desses abalos para que nós pudéssemos excluir uma causa, eventualmente, que não seja natural, uma explosão proveniente do garimpo da própria empresa, ou até um desabamento de alguma galeria da própria empresa", contou o promotor.

Agora, além de querer saber se os tremores não foram provocados por ações na barragem, o Ministério Público (MP) vai pedir para a empresa refazer análises e implantar uma estrutura própria de detecção de tremores.

Em nota, a JMC Yamana Gold reiterou que Jacobina é uma região serrana e que historicamente não havia registros de tremores de terra, e que a fim de monitorar e estudar com maior detalhamento os impactos dos abalos sísmicos, abriu processo de contratação de consultoria especializada em sismologia que deve finalizar até o final do mês de fevereiro.

G1 Bahia