Covid-19: Manaus vive colapso com hospitais sem oxigênio, doentes levados a outros estados, cemitérios sem vagas e toque de recolher

Manaus vive uma crise sem precedentes com o avanço dos casos de Covid-19. A situação na capital amazonense chegou ao extremo nesta quinta-feira (14), após o registro de falta de oxigênio para pacientes hospitalizados internados. Em vídeo divulgado pelo Portal Único, o médico e presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Viana, descreve a situação nos hospitais de Manaus e pede uma ação das autoridades para restabelecer, de forma imediata, o abastecimento na região.

"Vários hospitais já estão com falta de oxigênio e pacientes que necessitam do oxigênio estão sendo 'ambuzados' (prática médica que usa um animador manual para simular uma respiração mecânica), mantidos vivos pelo esforço dos profissionais médicos, técnicos e enfermeiros", disse Viana. 

O médico ainda ressalta que a situação já era prevista para acontecer na cidade e solicita ajuda de outras regiões. "Transportar oxigênio de outros estados, em caráter de guerra, é uma necessidade para salvar vidas", solicitou.

Outro relato emocionante veio de uma moradora de Manaus, que expressa o desespero sentido pela população local. “Nós estamos em uma situação deplorável. Simplesmente acabou o oxigênio de toda uma unidade de saúde. Não tem oxigênio, é muita gente morrendo”, a internauta também pediu doações de oxigênio e ajuda na divulgação do vídeo. A amazonense também filma a chegada de dois cilindros de oxigênio, entregues pela Polícia Militar do Amazonas.

Os cemitérios também estão lotados, tiveram o horário de funcionamento ampliado e instalaram câmaras frigoríficas. Para frear o vírus, o governo decidiu proibir a circulação de pessoas entre 19h e 6h em Manaus.

Desde a última sexta-feira, uma força-tarefa das Forças Armadas teve início para levar 386 cilindros de oxigênio à capital do Amazonas em caráter de urgência. Ontem quarta-feira (13), mais seis unidades foram entregues pela manhã, em operação que deve durar até o domingo (17/1). O grande problema é que o volume médio do recurso aumentou onze vezes recentemente, chegando próximo da casa dos 70 mil metros cúbicos, demandando uma operação complexa de reposição.

Em nota divulgada na última terça-feira (12), a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua), se solidariza com os profissionais de saúde que estão na linha de frente do enfrentamento à covid-19 e denuncia a negligência e omissão de instituições e de governantes. "Denunciar a gravíssima omissão institucional das autoridades no âmbito federal, estadual e municipal que, mesmo dispondo de meios e poder, negligenciam, de forma criminosa e injustificável, sua obrigação de garantir a população o direito constitucional à saúde e integridade da vida", dizia a nota.

Ela ainda responsabiliza o presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), pela situação de caos instalada no país frente a pandemia do novo coronavírus. "Responsabilizar o Estado brasileiro, na pessoa de seu governante maior, por negligenciar e sabotar as medidas sanitárias preconizadas pela Organização Mundial da Saúde para conter a tragédia humana e social da pandemia em curso, cujos efeitos mais devastadores se dão entre os socialmente mais vulneráveis: povos indígenas, população negra e classe trabalhadora, de modo especial os trabalhadores desempregados e os que sobrevivem da informalidade", informava o documento.

Correio Braziliense