Pandemia segue desacelerando em Pernambuco, mas relaxamento preocupa, diz epidemiologista

O Estado continua em fase de desaceleração da doença. É o que afirma o epidemiologista e ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde Wanderson Oliveira.

O especialista tem analisado o cenário epidemiológico da Covid-19 em Pernambuco e, de acordo com as análises das últimas semanas, diz considerar que os principais indicadores mostram uma redução e que pequenas oscilações em algumas semanas são esperadas.

"Durante o período de convivência, oscilações podem acontecer porque o vírus continua circulando de forma sustentada no Estado. Até agora, essas  oscilções estão dentro d eum patamar de controle. Quando estamos num patamar mais baixo, flutuações passam a ser notadas com maior repercussão, sem tendência clara de aumento caracterizada, muito menos há que se falar no mmomento de uma segunda onda", afirma Oliveira, que sugere maior cuidado com as normas sanitárias, sobretudo no próximo feriado do Dia de Finados, na segunda-feira (2).

Para evitar um novo aumento dos índices de contaminação pela Covid-19, dependemos de nossas atitudes O vírus continua entre nós e para não termos mais casos, aumento de demanda hospitalar, cada um deve fazer a sua parte, usando a máscara para cobrir boca e nariz, lavando as mãoes e praticando o distanciamento social sempre que sair de casa", disse.

Segundo o epidemiologista, na semana epidemiológica 30, em meados de julho, Pernambuco apresentava 83 casos por 100 mil habitantes. Atualmente, o número está em 13 por 100 mil. Isso significa uma redução de 83%. Em relação aos casos graves, o epidemiologista informa que a queda foi de 93% e nos óbitos, 95%, na comparação do mesmo período. 

"Temos vários parâmetros que devem ser levados em consideração. A ocupação dos leitos, obviamente, é uma fonte de informação, mas também a positividade dos testes. Então, tem que fazer uma avaliação um pouco mais precisa. Até o momento, não me parece que há nenhuma alteração no padrão epidemiológico", afirma Wanderson Oliveira.

Mesmo assim, o especialista mostra preocupação pelo fato das pessoas estarem relaxando nas medidas de prevenção. "O fato de termos uma redução no número de casos não significa que a gente possa deixar de usar máscara, evitar de fazer aglomerações. Temos que manter todos os procedimentos e os cuidados que a gente vinha tomando desde o início da pandemia", ratifica. 

Sobre uma segunda onda da Covid-19 no mundo, Oliveira ressalta que, habitualmente, o aumento de casos de infecções respiratórias na Europa é esperado para este período, com o clima mais frio e com as pessoas ficando mais próximas. "Inclusive, historicamente em Pernambuco, daqui há três semanas deve ter, possivelmente, um novo aumento. Tem características locais que apresentam esse padrão", diz, mas ratificando que esse possível aumento, de acordo com os dados de anos anteriores, está ligado às infecções respiratórias por diversos agentes.

"Os relatos, nos últimos dias, de aumento de casos respiratórios leves, motivado por diversas doenças, nas emergências dos hospitais privados, foram provocados, muito provavelmente, por causa das aglomerações e falta de cuidado no feriadão de 12 de outubro. Por isso, este processo de retomada a uma normalidade possível não pode fazer com que as pessoas baixem a guarda: a falsa sensação de que tudo está normal não pode nos trazer o sentimento de que a pandemia acabou. Pelo contrário, para não perder o que conquistamos, precisamos da consciência de todos", diz o secretário estadual de Saúde, André Longo.

André Longo aproveitou para pedir que a população adote posturas de proteção durante o feriadão do dia 02 de novembro. “Estamos às vésperas de um novo feriado prolongado. Nos anteriores, tivemos muitas cenas de descumprimento das normas, com pessoas abdicando do uso de máscaras e grandes aglomerações. A recorrência de atitudes que propiciam a contaminação poderá trazer consequências negativas. Por isso é importante que as pessoas continuem se protegendo, usando máscara corretamente, lavando as mãos com frequência e respeitando o distanciamento social, evitando as aglomerações. Nós não queremos retornar ao período em que mais restrições precisaram ser feitas”, finalizou.

Folha Pernambuco