Familiares e pacientes psiquiátricos relatam que remédio para tratar esquizofrenia está em falta: 'Prenúncio de tragédia'

Familiares e pacientes que precisam de tratamento psiquiátrico na rede pública da Bahia relatam que o medicamento Olanzapina, usado no tratamento da esquizofrenia, está em falta. Segundo eles, a farmácia do Hospital Mário Leal, referência em saúde mental em Salvador, não possui o remédio há dois meses.

A Olanzapina é um remédio de alto custo, com preço da caixa variando entre R$ 250 e R$ 300. Alguns pacientes precisam de até três caixas por mês.

Com a falta do medicamento, pacientes e familiares estão preocupados com as consequências da interrupção dos tratamentos.

"Sou paciente do Mário Leal, faço uso do medicamento Olanzapina, só que ultimamente não tenho encontrado na farmácia. Isso tem causado transtorno para mim, pois faço o uso três vezes ao dia", falou a paciente Rita de Cássia Lima.

O pai de um paciente também se disse preocupado, e conta que recebeu a informação de que não há previsão para chegada do remédio.

"Saí do Hospital Mário Leal em busca desse remédio para um filho meu, e para a minha surpresa, e eu estou muito preocupado, é que me disseram que não tem e não sabe quando vai chegar esse remédio. E nem na rede, falando com algumas pessoas muito influentes na área da saúde... Disseram que não tem no estado um remédio que salva vidas e que serve para as pessoas com esquizofrenia e outras doenças de estado mental", disse.

Maria Figueredo, representante do grupo Beija-Flor, rede de assistência em Saúde Mental na Bahia, diz que a falta do remédio é gravíssima.

"Há dois meses nós estamos passando por essa situação de emergência e de uma pré-tragédia. A Olanzapina é uma medicação importantíssima no tratamento da esquizofrenia. Para se ter uma ideia, só no Mário Leal e no Juliano Moreira, são em torno de 3 mil a 3,5 mil pessoas que usam essa medicação. Não estou falando dos CAPS e de outras instituições. Nós estamos no prenúncio de uma grande tragédia, porque a esquizofrenia é uma patologia muito grave", falou Maria.

"Nós entramos em contato direto com as farmácias desses hospitais, e a informação é de que não tem previsão de quando vai chegar. Tem pais que estão pedindo aos psiquiatras, pelo amor de Deus, que passem outra medicação mais barata, que eles possam dar aos seus familiares" acrescentou.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que informou que já fez e refez o pedido do medicamento através de diversos memorandos, mas que ainda não obteve nenhuma resposta. O Ministério da Saúde, então, foi contatado, e disse que o recebimento vai acontecer, mas que está esperando um retorno da área técnica da pasta.

G1 Bahia Foto Reprodução TV Bahia