Pesquisa revela que famílias agricultoras de 32 municipios baianos tiveram incremento de mais 30% na renda com adoção de ações de convivência com o Semiárido

Entre os dias 01 e 08 de junho uma força tarefa foi montada para aplicar, de forma remota, os questionários que dariam conta de avaliar os resultados do Projeto Pró-Semiárido, junto aos beneficiários que vivem em 561 comunidades rurais, das 782 atendidas pelo projeto, em 32 municípios do semiárido baiano.

Neste sentido, 2.271 pessoas responderam as questões de múltipla escolha relacionadas à renda, aumento da produção, comercialização, e o impacto da Pandemia do Covid – 19 na produção rural a partir de seus celulares.

A aplicação online da pesquisa é uma ação inédita e sua escolha atendeu a dois objetivos: o primeiro de manter o distanciamento social, devido ao risco de contaminação do coronavírus e o segundo de possibilitar que o projeto pudesse ter dados consistentes, de forma rápida, no sentido de contribuir com a execução das ações nos próximos meses. O Pró-Semiárido é um projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Como resultados, a pesquisa aponta que 70% das famílias que responderam ao questionário tiveram incremento na renda após o envolvimento com o Projeto, destas 53% notaram um aumento de mais de 30% na renda familiar. Quanto à comercialização 50% dos/as beneficiários/as afirmaram que hoje conseguem garantir um maior número de vendas do que produzem em seus quintais e roçados.

As afirmações são fruto do trabalho conjunto do Pró-Semiárido na oferta de equipamentos, formações, tecnologias sociais e Assessoramento Técnico Contínuo a estas famílias, além do apoio ao acesso a políticas públicas, fomento a canais curtos de comercialização como as feiras e as vendas na própria comunidade, fortalecimento das organizações locais e inclusão de juventude e gênero.

Além das perguntas relacionadas à renda, aquisição de equipamentos e tecnologias que contribuem com a garantia de segurança alimentar e nutricional e renda das famílias a partir das ações do Pró-Semiárido, foram questionadas também as condições de produção e comercialização neste período de pandemia.  Deste modo, 57% das pessoas que participaram da pesquisa responderam que a pandemia não impactou na produção; 34% assinalaram que estão produzindo menos e 8% disseram não saber responder. No que tange ao escoamento da produção, o impacto negativo nas vendas e redução no número de clientes atingiu 55% dos agricultores e agricultoras que responderam o questionário.

A equipe de monitoramento e avaliação do Projeto avaliou que "este trabalho evidencia novas oportunidades e metodologias para fazer o monitoramento do Projeto, uma vez que o uso da tecnologia foi muito útil e ágil no processo de levantamento de dados. A pesquisa realizada foi norteada e procurou responder aos indicadores do marco lógico do Projeto, propiciando apoio a gestão e a coordenação do Pró-Semiárido".

Angelina Santana é uma das ACRs que apoiou a aplicação das pesquisas. Ela mora na comunidade quilombola de Lagoa Branca, no município de Campo Formoso e avalia que "foi muito motivador ouvir das pessoas que acharam a iniciativa do Pró-Semiárido plausível pelo fato de querer saber como estão as atividades neste período de quarentena. Então, muitos dos beneficiários gostaram da pesquisa e demonstraram que foi muito fácil pra eles responderem. Foi muito motivador também ver a união das famílias, em alguns casos os filhos estavam ajudando os pais a responder o questionário".

O agricultor Jonaldo que é da mesma comunidade de Angelina explicitou a facilidade em responder às perguntas e a importância da pesquisa. "Eu não tive nenhuma dificuldade em responder a pesquisa porque foram perguntas que estavam voltadas para a nossa realidade e é de fácil compreensão. Achei uma iniciativa muito boa desta pesquisa porque vem trazer uma lição para nós dentro do projeto, porque tudo aquilo que produzimos temos que manter no controle pra depois saber o resultado, se teve ganhos ou se teve perdas".   

Para a realização da pesquisa, totalmente virtual, foram capacitados 115 jovens, Agentes Comunitários Rurais (ACRs) que atuam nas comunidades como mobilizadores das comunidades, apoio às associações em seus processos de gestão e colaboradores do Pró-Semiárido. O papel destes/as jovens foi enviar um link contendo os questionários para o/a agricultor/a que respondeu a pesquisa de forma autônoma e independente, mas com total apoio do/a jovem para esclarecer dúvidas. Em casos extraordinários, os ACRs foram presencialmente, mas tomando todos os cuidados orientados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uso de máscara e álcool em gel, e distanciamento mínimo recomendado.

Ascom