Reportagem Especial: imagens da Nasa mostram queda da poluição em meio ao surto do coronavírus

Impressionante o quanto o isolamento social que o ser humano está submetido vem refletindo na natureza de forma positiva. Nestes últimos 20 dias há menos transporte e menos produção de industrias poluintes.

Em países paralisados pelo coronavírus, a população respira melhor graças à redução da poluição do ar. Explica-se: Ano passado no mês de setembro a redação da redeGN, informou que o Planeta Terra atingiu o ponto máximo de uso de recursos naturais.

Em 2019, a humanidade atingiu a data limite três dias antes que em 2018 e mais cedo do que em toda a série histórica, medida desde 1970. Isso significava que todos os recursos usados para a sobrevivência (água, mineração, extração de petróleo, consumo de animais, plantio de alimentos com esgotamento do solo, entre outros pontos) entraram em uma espécie de "crédito negativo" para a humanidade.

A estimativa da Global Footprint Network, organização internacional pioneira em calcular a pegada ecológica, que contabiliza o quanto de recurso natural é usado para as necessidades de um indivíduo ou população disse o planeta entrou em déficit de recursos naturais em 1970. Desde então, a humanidade tem consumido mais do que o planeta consegue se regenerar.

"Os custos este excesso estão se tornando cada vez mais evidentes em todo o mundo, sob a forma de desflorestação, erosão dos solos, perda de biodiversidade e acumulação de dióxido de carbono na atmosfera, levando a alterações climáticas e a secas, incêndios e furacões cada vez mais graves", diz a organização.

Com a pandemina do Coronavírus e a paralisação das atividades que poluídoras em quase todo o planeta terra, imagens de satélite mostraram um declínio dramático nos níveis de poluição sobre a China, o que é "pelo menos em parte" causado por uma desaceleração econômica provocada pelo coronavírus, segundo a agência espacial americana Nasa.

Os mapas da Nasa mostram níveis decrescentes de dióxido de nitrogênio este ano. Isso ocorre em meio a um declínio recorde na atividade industrial da China, uma vez que as fábricas interrompem suas atividades numa tentativa de conter o coronavírus.

A agência espacial observou que o declínio nos níveis de poluição do ar coincidia com as restrições impostas às atividades de transporte e negócios, e quando milhões de pessoas entraram em quarentena.

"É a primeira vez que vejo uma queda tão dramática em uma área tão ampla causada por um evento específico", disse Fei Liu, pesquisador de qualidade do ar do Centro de Voo Espacial Goddard da Nasa, em um comunicado.

Com ausência de turistas em Veneza, na Itália, por conta das medidas de restrições adotadas no país para evitar a proliferação do novo coronavírus, os famosos canais da cidade voltaram a ter água mais clara e nítida

Em entrevista ao canal norte-americano CNN, um porta-voz da prefeitura de Veneza informou que a poluição da água não diminuiu e que a atual coloração é pela falta de barcos. “A água agora parece mais clara porque há menos tráfego nos canais, permitindo que o sedimento permaneça no fundo".

Mas a qualidade do ar na cidade de fato apresentou uma melhora significativa, de acordo com o porta-voz.

Segundo a prefeitura, a circulação dos barcos faz com que resíduos marítimos atingem a superfície da água e em consequência a coloração fica mais escura. Nas redes sociais, moradores comemoraram e relataram a aparição de peixes.

A China é hoje o país que emite mais poluentes do mundo, sendo seguida de perto pelos Estados Unidos. O país asiático já chegou a registrar níveis 45 vezes maiores do que o limite diário de poluentes considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos últimos anos, o país tem conseguido diminuir significativamente essas taxas, graças, especialmente, à desativação de fábricas à base de carvão. Segundo estudo publicado em 2019, na revista Nature Energy, o ar poluído no país é tanto que prejudica até a captação de energia por painéis solares. 

De acordo com a professora Maria de Fatima Andrade, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), é justamente por a China ser um dos países mais poluentes do mundo que uma queda em sua produção impacta tão significativamente na qualidade do ar. "Uma fonte importante de poluição na China é a emissão industrial e de geração de energia (com termelétricas). Assim, se há uma redução na produção industrial, a poluição vai diminuir", explica. 

No Brasil é lançado diariamente no solo, córregos, rios e mar esgoto não tratado, segundo dados do Instituto Trata Brasil, o lançamento de esgoto sem tratamento é apontado pela Agência Nacional de Águas (ANA) como a principal forma de poluição de água no país.

Redação redeGN Foto: Ilustrativa