Artigo - Empodere-se e consagre o remendar-se!

Construir uma mulher tem sido um grande desafio para os dias atuais. Viemos de uma geração conservadora, resultado da sociedade da época. Podada nos nossos sentimentos e prazeres, a mulher foi vitimada nos relacionamentos e na vida e o que é pior, na própria mente.

Vivenciei desde cedo, o patriarcado dentro de casa, uma construção social representada pelo meu pai, que atingia a relação familiar, onde também o papel de mãe, muitas vezes, foram as reproduções machistas.

Tudo aquilo que a vida os ensinaram a ter. Já entendia que enfrentaria muitas coisas, e naquela época, não sabia o que era feminismo, sofria com essa desigualdade, mas queria minha liberdade e igualdade como mulher. E o feminismo, é apenas isso, igualdade de gênero, que significa, direitos iguais entre homens e mulheres.

Casei, acreditando que mudaria esse contexto, mas percebi, que meu espaço era de uma nova mulher, com submissões e reproduções machistas. Divorciada, mãe, filha, mulher atuante, encontrei no trabalho, nos estudos e na vida, as diversas possibilidades de existir e de ser feliz comigo e com quem eu quiser.

Toda Mulher precisa se libertar na mente, nos preconceitos e nos seus medos. Foi uma grande missão e experiência, a partir de então. Enfrentar o próprio pensamento e comportamento, acreditar em si mesma, fazer-se companhia, carinho, amor, abrigo. Se preparar para a vida e fortalecer todas as emoções envolvidas no processo de dor, solidão e plenitude, o que mudaria por completo a minha vida.

Empoderar-se e se reconhecer como mulher, mãe, guerreira, leal, autêntica, firme. Sem precisar fingir orgasmos ou conviver com traições, violências e relacionamentos abusivos. Ser mãe, ser precisar ser pai. Ocupar apenas espaço de mãe, e isso, a maioria das mulheres sabem fazer bem.

Vivemos em uma constante pressão da sociedade, que não se preocupa com a mulher, e sim, com suas escolhas. Isso não pode ser um problema, para nós, pelo contrário, deve ser um enfrentamento e missão de vida. Não tenham medo, ergam a cabeça, se refaçam todos os dias.

Não podemos ser mulher?! Sim, podemos! Podemos ser o que quisermos ser. Podemos parir natural, podemos fazer uma cesárea, podemos namorar, podemos ser solteiras, podemos ter filhos ou não, podemos decidir amamentar ou não, podemos estudar, se formar, casar, viver, podemos tudo. Podemos decidir por nós! Somos responsáveis em quebrar as barreiras que gerem mudanças e que tragam felicidade e liberdade de expressão, nos dando direito a vez e voz.

Não aceitamos mais conviver com opressão, com migalhas, com a entrega de tudo que é mais precioso, que é a nossa própria vida. Se quer somar, chegue! Se quer nos destruir, some! Empoderar-se, é isso! É decisão, é acalmar a alma, é não ser menor, é ser o que você quiser ser. É se respeitar, se amar, se proteger.

Nada disso é fácil, precisamos unir os pedaços de tudo que nos desmontou um dia. Juntar os cacos, costurar as arestas, remendar-se do que fez você ser, quem és hoje. Afinal, a vida é para ser consagrada, em sua mais bela e dolorosa construção. As alegrias e tristezas se misturam, mas, o importante é a certeza de que não voltaria atrás, porque depois que você descobre o que é direito, liberdade e amor próprio, nada volta a ser como antes.

Lorena Pesqueira

Psicóloga