Ford anuncia plano de demissão de funcionários na fábrica de Camaçari

Após encerrar as atividades na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e, com isso, interromper a atuação no ramo de caminhões, em fevereiro deste ano, a Ford Brasil anunciou, nesta segunda-feira (8), a abertura do Plano de Demissão Voluntária (PDV) para funcionários da fábrica de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.

Segundo comunicado da empresa, a proposta tem validade para funcionários operacionais da fábrica, entre 8 e 26 de abril, com o intuito de “adequar o excedente da força de trabalho à atual demanda de mercado”. A unidade de Camaçari é a responsável, atualmente, pela produção dos modelos Ka e EcoSport, levando ao mercado 250 mil unidades por ano.

Além disso, após o fechamento do espaço de São Bernardo do Campo, Camaçari, que emprega quase 8 mil funcionários diretos e 77 mil indiretos, se transformou na principal fábrica da marca na América do Sul. De acordo com a Ford Brasil, “ainda não é possível estipular quantos empregados vão aderir ao plano”.

O PDV já era esperado pelos funcionários da montadora de Camaçari, principalmente após o indicativo de greve dos trabalhadores do setor, em março deste ano. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, na Bahia, a desistência se deu após acordo com a Ford Brasil.

O movimento teve início, após a empresa ter sinalizado a demissão de 700 pessoas. O acordo, por sua vez, garante a estabilidade dos funcionários pelo período de um ano (quando ninguém pode ser demitido - a não ser voluntariamente).

Além disso, ficou acertado que os salários de até R$ 7.515 terão reposição de 100% da inflação e os que forem superiores vão ter reposição de 50% do INPC, ou seja, os reajustes só entrarão em vigor a partir de julho, data-base da categoria na região. O acordo também tem aspectos que modificam a participação nos lucros e resultados (PLR) dos funcionários.

Os planos de demissão voluntária são instrumentos legais para a redução do quadro de funcionários de uma empresa, sendo esta uma forma menos traumática e que proporciona vantagens a ambos os lados: empregado e empregador. 

Para o funcionário, os benefícios do PDV envolvem o recebimento das verbas legais de rescisão, incluindo multa de 40% do FGTS, além de indenização adicional com limite de R$ 35 mil. O plano médico do empregado é mantido até o final do mês de desligamento.

Para a empresa, a demissão voluntária permite economia a longo prazo, já que consiste na redução da folha de pagamento. Em 2019, a Ford teve redução na participação do mercado, caindo de 9% para 8,3,%, perdendo a quarta locação para a Renault e tendo chances de ser ultrapassada pela Toyota. 

Para Jim Hackett, CEO global da Ford, o plano é fazer uma reestruturação focada na mudança da linha de atuação, mas também com corte de até US$ 25,5 bilhões em custos até 2022. Além disso, segundo ele, a ordem é ampliar margem de lucro a 8%.

Correio 24hs