Experiência de agricultores/as de Juazeiro será destaque em televisão chinesa

Embora a estiagem prolongada e seus efeitos estejam ocupando um lugar de destaque na grande mídia brasileira, é importante registrar que apesar da seca, inúmeras famílias dessa região conseguem viver e produzir nesse período. E foi com essa visão que o canal de TV Chine Global Television Netkwork (CGTN), televisão chinesa que também transmite sua programação em inglês e para diferentes partes do mundo, está produzindo matérias sobre o Semiárido.

No último domingo, dia 15, o repórter correspondente Paulo Cabral e o cinegrafista Alexandre Rampazzo, da CGTN, orientados pela Articulação do Semiárido (ASA), estiveram no interior de Juazeiro para fazer uma matéria especial com base na experiência de produção e de Convivência com o Semiárido da família de seu Pedro Duarte, um criador de cabras da comunidade de Cachoeirinha na região de Juremal. O produtor "Pedrinho", como é mais conhecido, mostrou para os jornalistas como sua propriedade familiar é abastecida com água para beber e para produção por meio de cisternas, cacimbas e poços, e como seu rebanho de cabras está produzindo bem porque os amimais têm água e alimentação, apesar de a última chuva ter caído naquela região em janeiro do ano passado, conforme informou Pedrinho. A experiência do fundo de pasto onde os animais da família do produtor e toda a comunidade ficam boa parte do dia buscando alimentos nas áreas livres da caatinga também chamou a atenção dos jornalistas, que também colheram muitas informações com outros moradores da comunidade que, assim como seu Pedrinho, dispõem de água, plantios, e de terra suficiente para implementar ações de Convivência porque estão organizados em Associações de Fundo de Pasto.

Os jornalistas também conversaram com um dos coordenadores da ASA e atual Coordenador Geral do Irpaa, Cícero Félix, que expôs o quanto as alternativas de aproveitamento da água de chuva e outras formas de Convivência com o Semiárido tem ajudado o povo dessa região a vencer os efeitos da seca e viver de forma digna em sua própria terra. Ele falou ainda dos projetos e obras de desenvolvimento regional que não consideram o modo de vida das populações difusas do sertão, e que, em sua maioria, são projetos inapropriados às condições do clima Semiárido, a exemplo de alguns tipos de barragens e açudes cuja água é desperdiçada, principalmente pela alta evaporação. Questionado sobre o projeto de transposição do Rio São Francisco, Cicero falou de sua inviabilidade por conta de vários fatores e, principalmente, devido ao estado de degradação do rio que não tem água suficiente e que não foi devidamente revitalizado.

Até a próxima quarta-feira, dia 17, os dois jornalistas concluem outras matérias abordando diferentes aspectos ligados ao desenvolvimento e a viabilidade do Semiárido, onde a experiências de Convivência do povo com a região já tem um merecido destaque, talvez bem maior que os efeitos da seca, tão evidenciado pela grande imprensa brasileira.

Ascom/IRPAA