Municípios da região norte da Bahia receberam equipes da Fiscalização Preventiva Integrada – FPI realizada nas últimas semanas pelo Ministério Público em parceria com órgãos que tem atuação na área ambiental. A operação abordou diversas áreas – em sua maioria com relação com o Rio São Francisco – e a atividade minerária foi uma das modalidades acompanhadas, registrando diversas irregularidades, o que acarretou em advertências e penalidades, tanto para as empresas quanto para as prefeituras.
Licenciamento irregular, ausência ou descumprimento de condicionantes, impactos diretos para comunidades tradicionais, especialmente Fundos de Pasto, condições de trabalho precárias, foram algumas das irregularidades identificadas e encaminhadas às instâncias do Ministério Público para as medidas cabíveis. O coordenador da equipe de mineração, Sérgio Santos, fiscal do Crea/BA, explica que os processos de licenciamento nos municípios não estão de acordo com resoluções do Conama – Conselho Nacional de Meio Ambiente. "Algumas licenças nem condicionantes tinham e quando nós íamos a campo constatar esses empreendimentos, nós observamos que [a licença] não tinha nada a ver com o próprio empreendimento", declara Sérgio. Segundo ele, há uma grande contradição uma vez que as prefeituras licenciam, porém não possuem equipe técnica para fiscalizar.
O município de Curaçá, que já está com cerca de 80% do seu território mapeado para atividade minerária, foi um dos visitados pela FPI que mais apresentou essas irregularidades. Recomendações como a regularização do licenciamento, cumprimento de condicionantes, execução de planos de recuperação de áreas degradadas, contratação de responsáveis técnicos, preservação de recursos hídricos, garantia de programas de segurança e saúde dos trabalhadores, adoção de Equipamentos de Proteção Individual, entre outras sugestões foram repassadas aos municípios visitados.
Além de Curaçá, outros municípios da região, também não apresentam condições de emitirem licenças para empresas públicas ou privadas iniciarem ou continuarem a exploração de minérios, embora isso venha sendo feito por equipes normalmente alocadas nas secretarias municipais de meio ambiente. "Isso é preocupante, é impactante e se não houver um desdobramento por parte do MP em cassar essas licenças, tudo isso vai continuar, infelizmente", lamenta Sérgio.
Impactos
A ação de uma mineradora causa de início o impacto visual, porém outras consequências decorrem a partir do início da operação. Nessa região norte da Bahia, segundo os resultados da FPI, a devastação da Caatinga, o assoreamento de nascentes e rios, o afugentamento de animais e a possibilidade de desmoronamento de cavernas estão entre os principais impactos. A região de Curaçá é citada como área de risco devido a forte presença de grutas e cavernas na área explorada, o que pode ocasionar até mesmo a morte de trabalhadores, conforme alerta o representante do Crea.
As comunidades de Fundo de Pasto, que vivem basicamente do uso sustentável da Caatinga, quando ainda não são regularizadas, são grandes atingidas pela ação das mineradoras. Além da destruição da vegetação e restrição das áreas onde os animais são criados de forma coletiva, na maioria dos casos estas são afetadas devido o tráfego de veículos, poeira, estrondos, rachaduras nas casas, poluição sonora, etc. "Tem comunidade tradicional que tem seu histórico na região, mas infelizmente são impactadas por esse tipo de empreendimento", registra Sérgio Santos.
De acordo com a promotora Luciana Khoury, do MP BA, todas as informações acerca dos diagnósticos da FPI sobre a mineração nos municípios visitados estarão em breve sistematizada em relatórios disponibilizados na internet.
Ascom/IRPAA
1 comentário
29 de May / 2016 às 22h48
É com imenso repudio que deixo aqui um comentário sobre essa reportagem que aponta Curaçá como Zona de Minerações. Ao contrario desta reportagem esse técnico que veio deixar essa informação não adentrou em outras situações existentes em todo o território baiano. Vale ressaltar que a imagem que o mesmo colocou não é de uma mineradora de Rochas Ornamentais e sim de uma mineradora de Ferro. Aproveitando aqui para informar que onde existe pedreiras de Rochas ornamentais o impacto é visual sim e que são tomadas providencias no uso destes impactos através de estudos ambientais comopor exemplo; o PRAD- Plano de Recuperação de Áreas Degradas e outros estudos prevalecendo a comunidade. Quero também informar a maneira ousada e atrevida de como esse rapaz se comportou diante aos empresários do município causando desconforto. Sei que esta ação é de grande importância para toda a Bahia. Mas que seja também voltada para as ações e não somente criticas como foi abordado na Audiência publica que finalizou e deram como encerradas os trabalhos, a postura da Promotora Luciana Khoury causou inveja como sempre. soube conduzir de maneira inteligente e compreensiva, o que não aconteceu com alguns dos técnicos fiscalizadores principalmente do CREA, que fizeram ABORDAGENS AMEAÇADORAS E ATÉ USANDO O NOME DA PF -POLICIA FEDERAL, LEVANDO OS MORADORES DOS DISTRITOS A CONSTRANGIMENTOS. houve varias denuncias de pessoas que se sentiram prejudicadas e ameaçadas por este rapaz que aqui veio não sei pra que e pra quem deixar este texto. Audiências publicas tem vários objetivos e sinceramente nesta que houve não foi identificado nenhum objetivo, parecia mais intriga de Estado e órgãos públicos e entidades não governamentais esse ´foi o meu ponto de vista. Cadê as soluções? O estado deu a competência aos municípios para licenciamento e agora querem os tirar, sabendo que nem o estado tem profissionais competentes para tais atividades. Ora estão exigindo dos municípios equipe técnica com formação de nível superior e concursado, infelizmente propostas como estas nunca serão atendidas, se nem o estado tem este corpo técnico como podemos ver em todo o município baiano existe esta decadência, e agora no final da gestão de prefeituraveis vem esta exigência? Existe profissionais e profissionais este aqui citado é mais um que está correndo atras de nome ou dando pontuações ao órgão. Moço não é desta forma que se trabalha não. Tenho pena de profissionais com este perfil.