A Unidade de Pronto Atendimento e Atenção Especializada de Petrolina (UPAE) sediou, na sexta-feira (13), o 5º mutirão de atendimento às crianças com suspeita de microcefalia no estado – os primeiros aconteceram em Recife e mais dois em Caruaru. Os mutirões são realizados em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e Gerências Regionais. Em Petrolina, a ação deu início ao referenciamento da UPAE como unidade de saúde que irá atuar na reabilitação e estimulação precoce dos casos de microcefalia confirmados na IV macrorregião, que compreende 25 municípios.
De acordo com a neuropediatra Vanessa Van Der Linden – médica pernambucana que realizou o alerta às autoridades sobre o aumento do número de casos de microcefalia – os mutirões tem como objetivo levantar dados para elaboração de um panorama mais preciso sobre a doença em Pernambuco. "Ainda não há um grupo definido, pois existem muitas crianças aguardando para fechar o diagnóstico. Algumas foram notificadas quando nasceram por apresentarem um perímetro cefálico menor do que 32cm, estabelecido como padrão. Mas, esse dado por si só não define a doença. Precisamos realizar uma avaliação clínica e análise de exames de imagem, entre outros fatores. Dentro dessa perspectiva podemos descartar a microcefalia; identificá-la como proveniente de outras causas, que não seja a infecção congênita; ou confirmá-la associando-a ao Zica vírus", explicou durante os atendimentos.
Foi nessa expectativa que as mães e familiares compareceram hoje ao mutirão. Todas munidas de um único sentimento: o de ter o diagnóstico fechado pelos profissionais. Rosa Maria Vieira, do município de Salgueiro, esteve entre o grupo. Após a avaliação da neuropediatra, a ansiedade deu lugar a alegria. "Tinha quase certeza que meu filho não tinha a doença, mas vim para ouvir isso dos especialistas. Achei muito importante essa iniciativa, pois todos aqueles que como eu aguardavam a avaliação puderam ser atendidos em um único dia. Estou voltando para casa feliz", garantiu a mãe de Brayon Miguel Vieira, de 6 meses. Notícia boa também para Maria Judite Roque da Silva, moradora de Exú. "Fiquei aliviada de saber que minha filha não tem microcefalia. Adorei o atendimento e as orientações que recebi", comemorou pela saúde de Maria Cecília Roque, de 3 meses.
A equipe da Unidade de Pronto Atendimento e Atenção Especializada de Petrolina preparou toda a estrutura para as crianças e seus acompanhantes. As mamães tiveram uma sala para amamentação, local para a troca de fralda das crianças, lanche e o acompanhamento multiprofissional de enfermeiros, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. Também foram disponibilizados, através de parceria, funcionários do Banco de Leite Materno (BIAMA) e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que prestaram esclarecimentos. "Estamos felizes com a realização do mutirão. A UPAE em parceria com o Hospital Dom Malan [que é referência na triagem e diagnóstico da doença] e o Instituto de Medicina Integral Fernando Figueira, que gere as duas unidades, estão juntos com o Estado no enfretamento à microcefalia. É importante ressaltar que o trabalho será contínuo e já na próxima semana iniciaremos a reabilitação e estimulação precoce dessas crianças aqui na Unidade", pontuou durante o evento a coordenadora geral da UPAE, Magnilde Alves.
"O mutirão de Petrolina recebeu crianças de 18 dos 25 municípios que a macrorregião abrange. Para esse atendimento, contamos com a força tarefa de 35 profissionais da Secretaria Estadual de Saúde e 8ª GERES, além de toda a equipe da UPAE que esteve envolvida", destacou a gerente da 8ª Gerência Regional de Saúde, Aline Jerônimo. A diretora geral da gestão regional do Cievs/PE, Luciana Figueiroa, atribuiu o sucesso da 5ª edição à boa adesão dos municípios: "praticamente todo o público que nós estávamos esperando compareceu. Tivemos apenas 4 ausências".
Balanço
Foram atendidos durante o mutirão, que encerrou já à noite, 54 crianças que aguardavam a conclusão da investigação. Desse número, apenas um caso foi confirmado. Com este, agora são 26 os casos de microcefalia ligados à epidemia do Zica vírus confirmados na IV macrorregião de saúde.
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