Para encerrar março, mês do livro e da literatura, uma ação que está percorrendo a Região Metropolitana e o interior de Pernambuco vem dando um novo significado à leitura como direito e cidadania. Desde 2009, o projeto Ler pra Ser, idealizado pela produtora e empreendedora cultural Eliz Galvão, por meio da Liga Criativa, vem promovendo o acesso à literatura em comunidades onde o livro costuma chegar com atraso, ou sequer chegar. A proposta, pioneira no Estado, dialoga diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda da ONU 2030, especialmente o ODS 4 (Educação de Qualidade) e o ODS 10 (Redução das Desigualdades), ao levar formação, acervo e valorização da cultura local para o coração de territórios invisibilizados.
As ações do projeto têm um símbolo forte e ao mesmo tempo poético: as bibliotecas móveis chamadas de Caixas de Histórias. Feitas artesanalmente em madeira, com estrutura sob rodas, cada unidade carrega cerca de 40 livros voltados ao público infantil, juvenil e adulto — com obras que tratam de identidade, diversidade, cultura popular, acessibilidade e temas sociais urgentes. Ao todo, 15 dessas bibliotecas já foram entregues ao longo dos anos, contabilizando 600 livros doados e inúmeros leitores impactados.
Em 2025, o projeto deu novos passos ao contemplar duas cidades pernambucanas: o bairro das Rendeiras, em Caruaru, no Agreste, e o Centro de Vicência, na Zona da Mata Norte. Nesses lugares, mais do que entregar livros, o Ler pra Ser fomentou vivências formativas com crianças, adolescentes e educadores, fortaleceu espaços de leitura já existentes e mapeou iniciativas comunitárias que fazem da palavra uma ferramenta de transformação.
"Mais do que distribuir livros, o projeto planta possibilidades. Por trás de cada biblioteca móvel doada há oficinas de contação de histórias, mediação literária, encontros com mestres griôs da oralidade e publicação de uma revista" explicou a idealizadora, produtora cultural e idealizadora do projeto, Eliz Galvão.
Ao longo dos últimos anos, o Ler pra Ser já percorreu 14 cidades pernambucanas, totalizando a doação de 15 bibliotecas móveis — incluindo regiões de baixo IDH no Sertão, Agreste, Zona da Mata e Região Metropolitana do Recife. Com esse alcance, o projeto caminha com incentivo das políticas culturais para democratizar o acesso à leitura, à cultura e ao conhecimento, sendo, o Ler pra Ser, um importante instrumento e tecnologia social para fortalecer as comunidades vulneráveis e criar pontes entre tradição e futuro.
Em cada edição, as ações são realizadas em parceria com Pontos e Pontões de Cultura locais — como o Boi Tira-Teima, em Caruaru, e o Poço Comprido, em Vicência. As oficinas formativas acontecem com adolescentes e crianças, que aprendem a montar espaços de leitura, catalogar livros, criar histórias e mediar rodas de leitura em suas comunidades.
Na edição atual, foram realizadas formações com os arte-educadores Guga Bezerra e Anderson Abreu, com participação ativa de crianças, adolescentes e jovens, da faixa dos 8 aos 16 anos. Além disso, mestres e mestras da tradição oral, contadores de histórias e griôs locais também são inseridos na programação, com apresentações públicas e remuneração digna — o que reforça o compromisso do projeto com a valorização da cultura popular e da memória coletiva.
Outra comemoração importante desse projeto cultural, é que, desde o seu início, cerca de 900 pessoas foram impactadas pelas formações de leitura. Paralelo às bibliotecas e as atividades formativas, a iniciativa também já mapeou mais de 40 ações de incentivo à leitura e distribuiu 750 exemplares da Revista Inspiração de forma gratuita.
Outro destaque do Ler pra Ser é a atenção à acessibilidade. Está entre os seus pilares sociais de acessibilidade, vagas para pessoas com deficiência, que garantam que elas participem das oficinas com intérprete de Libras, além de disponibilizar transporte acessível e trabalhar com livros que abordam temas inclusivos, com letras ampliadas. Ao longo de todas as edições, projeto foi incentivado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura.
Ascom
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