Existem pessoas cujas almas florescem como um campo de flores na primavera, em um dia ensolarado. Sua mera presença é um presente, um bálsamo que cura feridas invisíveis.
Uma idosa, com a sabedoria de quem já vivenciou muitas estações, disse certa vez que a convivência com seu melhor amigo a ensinou a ser alguém melhor.
Não sei ao certo como, mas sei que o reconhecimento sincero é como a luz do sol, que aquece a alma e dissipa as sombras da dúvida.
Somos todos flores em um vasto jardim da existência, interligados por raízes invisíveis, dependentes uns dos outros para desabrochar. Um gesto de bondade pode ser o vento que espalha sementes de esperança; um olhar gentil, a chuva que nutre terras áridas.
Sem essas dádivas, a vida se torna um inverno sem fim, um deserto onde a esperança não germina e a alma, privada do calor humano, murchará de um modo bem lento e progressivo.
E então, como uma graça inesperada, encontramos almas raras e sinceras, feitas de puro amor e bondade. São como orquídeas em meio a um campo de margaridas, exalando um perfume inconfundível, uma essência arrebatadora de empatia e ternura. Essas pessoas são o sol que aquece e ilumina, mesmo sem perceber. Seu aroma se impregna em nós, deixando marcas indeléveis, como pinceladas de felicidade sobre a alma. São faróis na escuridão, guias involuntários que, sem esforço, transformam tudo ao seu redor. Em seus gestos há poesia, em seus sorrisos, primavera. Passam pela vida deixando um rastro de alegria, e, gratos eternamente, guardamos em nossos corações o perfume de sua presença, como quem aprisiona a própria estação das flores em um frasco de memórias só seu.
Assim como nas metáforas acima, na vida, o impacto que os outros têm sobre nós é um processo único, enraizado na neuroquímica e na psicologia humana. Nossos cérebros são projetados para buscar conexões e reconhecimento, e as palavras e ações dos outros podem desencadear uma cascata de reações emocionais. O reconhecimento sincero libera dopamina, o neurotransmissor do prazer, fortalecendo os laços sociais e aumentando a autoestima. A empatia, por sua vez, ativa áreas do cérebro associadas à compaixão e à compreensão, permitindo-nos sentir as emoções dos outros como se fossem nossas. Essa interconexão neural nos torna suscetíveis tanto à beleza quanto à dor alheia, e a forma como somos tratados molda nossa percepção do mundo e de nós mesmos. Se o olhar que recebemos for de desprezo, nos tornamos sombra; se for de amor, florescemos.
A forma como interpretamos o mundo, definida por o nosso modelo mental, é um passo essencial para não sofrer tanto com as influências externas. Quando ressignificamos nossas emoções e nossas experiências, ajustando nossa visão de acordo com um modelo mental mais saudável e positivo, ganhamos maturidade e encontramos a verdadeira felicidade. No fim, não se trata do outro, mas de nós mesmos. Podemos ser a primavera que colore e perfuma ou os espinhos que ferem e afastam. A escolha é toda nossa.
Texto Pastor Teobaldo - Formação em Teologia, Psicanálise Clínica, Educação Religiosa e Filosofia
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