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O calendário estampava : Segunda-feira, 10/03/2025. Essa foi a data em que o Rei decidiu se mudar definitivamente para Passargada.
Com a notícia da partida, além dos súbitos previsíveis, todos os povos de todas tribos vieram para a despedida.
Quando se deslocava do seu castelo para o ponto de partida, ia à sua frente uma carruagem que entrava canções de agrado do amado monarca. E foi lindo ver as farmácias e lojas, bacharem as portas, e proprietários e funcionarios posicionarem-se à frente dos comércios, acenando adeuses chorosos. Atendendo ao protocolo, o regente demorou-se por umas três horas no espaço clérigo, onde, testemunhos, depoimentos, mensagens e poemas foram ditos e lidos, tudo embebido em muitas lágrimas com tom, cheiro e formato de saudade.
Era meio dia, o sol estava a pino, quando o Rei deixou o templo e foi dirigido para os últimos minutos do estar aqui. Neste momento, eu que acumulava os cargos de Bobo da Côrte e de Conselheiro Mor do reino, pedi:
Deixa, que com vossa majestade eu vá?
O Rei me respondeu: "Ordeno que fiques, que zele com cuidado do legado que deixo, que morra lutando, mas não permita que a tristeza se acomode por aqui. Seja você a convocar aqueles e aquelas que acreditaram nas causas por qual batalhei, para que não se apague a minha história e memória".
Por volta das 13 horas, da data já aqui citada, o corpo físico do Rei desapareceu, o sol se comoveu, pois-se em tímido estado nublado, e o céu irrigou a terra com o mais poético pranto.
O fundo dos copos bateram forte sobre os balcões e mesas, as bocas muitas contavam passagens corajosas ou bem humoradas do monarca.
Estávamos todos nus, o Rei não. O Rei, muito bem galante, vestia de imaginação as nossas tristes saudades.
Assim o foi. Assim deverá ser contada essa parte da história.
Demis Santana
Bobo da Côrte e Conselheiro Mor do Reino de Sua Majestade: Omara Lopes da Silva.
11/03/2025
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