Assistindo à formatura que envolvia diversas licenciaturas no IEF Sertão, observei com atenção o desfile dos formandos acompanhados por seus familiares.
Foi um pequeno trajeto entre a porta do auditório e o palco, talvez de poucos metros, mas, em cada passo, enxerguei muito mais do que uma simples caminhada. Ali, naquela breve trajetória, estavam depositados anos de esforço, sacrifícios, renúncias e sonhos vividos coletivamente.
Alguns formandos caminhavam ao lado de seus pais – pai e mãe, irradiando orgulho. Outros estavam acompanhados apenas pela mãe, cuja presença, em muitos casos, simbolizava a luta silenciosa, a batalha travada dia após dia para sustentar um sonho que, por vezes, parecia distante. Havia aqueles que eram acompanhados pelos irmãos, jovens que, talvez, tenham visto o sacrifício de um para abrir o caminho dos outros. E, nos olhos de todos, um brilho que não podia ser disfarçado: o brilho da vitória, da superação e da realização de um sonho que, por muito tempo, parecia inalcançável.
Quantos sacrifícios escondidos naquela caminhada? Quantas noites insones, divididas entre estudos e trabalho? Quantas vezes alguém deixou de comprar algo para si para garantir uma mensalidade, um material, um transporte? Quantas lágrimas foram derramadas em silêncio quando o desânimo bateu e a vontade de desistir pareceu maior que a força de continuar?
Aquele pequeno lapso de tempo, da porta ao palco, era mais que um desfile: era uma celebração da resistência humana, uma homenagem àqueles que nunca desistiram, mesmo quando tudo parecia perdido. Era um tributo às mães que trabalharam dobrado para garantir o futuro dos filhos, aos pais que fizeram o impossível para não deixá-los desamparados, aos irmãos que se tornaram pilares quando as circunstâncias exigiram.
Ali, entre aqueles passos calculados e lentos, estava o reflexo de uma sociedade que luta contra desigualdades, que transforma lágrimas em sonhos concretizados, que busca, na educação, o único caminho para a verdadeira liberdade. O palco era o destino, mas o caminho até ele carregava o peso de todas as batalhas vencidas.
A formatura não é apenas um diploma ou um título, mas o símbolo de uma conquista coletiva. Cada sorriso, cada aplauso, cada lágrima emocionada era um lembrete de que sonhos podem ser alcançados, mesmo quando as condições parecem desfavoráveis.
Ao observar aquele momento, percebi que a caminhada entre a porta do auditório e o palco não foi feita apenas naquele dia. Ela começou muito antes, nos passos pequenos de quem um dia decidiu acreditar no impossível e seguiu em frente, apoiado pelo amor da família, pela fé e pelo desejo de um futuro melhor.
Que esses formandos nunca esqueçam a jornada que os trouxe até aqui. Que os sacrifícios e as renúncias jamais sejam em vão e que a educação, como uma chama acesa, continue iluminando o caminho para os próximos desafios. Porque, ao final, a vida é feita disso: pequenos passos que, somados, se transformam em grandes vitórias.
Parabéns aos formandos, às famílias e a todos que fizeram essa caminhada possível. Vocês são a prova viva de que a educação transforma, salva e dá sentido ao mundo.
Rivelino Liberalino OAB/PE 534/advogado militante nas áreas cível e trabalhista, pós graduado em Direito Tributário pelo IBPEX- Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão.
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