No bairro João Paulo II, em Juazeiro-BA, o Centro de Terapias Naturais Gianni Bande (CETGIB) realiza, além das diversas ações sociais e com as terapias integrativas, um trabalho educativo com crianças e adolescentes do entorno. Através do Projeto Educacional, da Congregação das Irmãs Oblatas de São Luis Gonzaga (Irmãs Luisinhas), o CETGIB desenvolve de segunda a sexta-feira, das 14h às 16h, por exemplo, atividades de formação e reforço escolar, no Centro Pastoral do bairro. Através dessa iniciativa, são alcançadas uma média de 30 pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social.
O pequeno Mateus Ferreira, de 10 anos, destaca que esse espaço do CETGIB tem sido de muitos aprendizados. “Eu gosto de vim pra cá porque a professora é boa, faço atividades; quando eu vinha aqui (antes) eu não sabia ler, já sei ler. A gente faz muitas brincadeiras e eu já aprendi o que eu não sabia”.
Mateus também esteve entre as 15 crianças e adolescentes, com idade entre 10 e 14 anos, que participaram das oficinas de Educomunicação realizadas pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa). Durante as atividades, eles/elas tiveram a oportunidade de conhecer e discutir os diversos temas relacionados à Convivência com o Semiárido, a exemplo dos estereótipos sobre esse lugar, que precisam ser desconstruídos; um olhar sobre os bairros periféricos; direitos que crianças e adolescentes têm acesso e o que, de fato, diz o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); sobre a democratização dos meios de comunicação e a importância da produção de conteúdos que falem sobre o nosso lugar, feitos pelas próprias pessoas.
Todos os temas abordados contribuíram para que os/as participantes despertem e tenham ainda uma visão crítica da realidade; que é um dos fundamentos da Educomunicação, que se inspira nos ensinamentos de Paulo Freire sobre uma Educação que seja libertadora, a partir do despertar para o senso crítico dos/as estudantes.
Thauane Carvalho, de 10 anos, afirma que gostou dos assuntos abordados, principalmente “sobre o Semiárido, os direitos das crianças; que as crianças têm direito de brincar, de estudar, não importa a deficiência, não importa o que tenha”.
A professora Cláudia Santos, que acompanha as atividades no Centro Pastoral, avalia positivamente os momentos formativos, porque foram trabalhados assuntos importantes que complementaram o que o CETGIB discute e faz, relacionados à cidadania. “(...) a questão da Caatinga e os direitos e deveres das crianças, foi tudo bastante proveitoso. Coisas que os meninos não conheciam e a partir das oficinas eles ficaram conhecendo, principalmente sobre o ECA”.
Essas oficinas integram o planejamento do projeto “Valorização da Infância e Adolescência no Semiárido brasileiro”, que tem duração de 3 anos e que, em 2024, já está no último período. Em cada ano as oficinas de Educomunicação desse projeto foram realizadas prioritariamente com um grupo ou coletivo específico. Em 2023, por exemplo, as atividades aconteceram em parceria com a Casa Dom José Rodrigues, também em Juazeiro. As ações têm o apoio da Cooperação Internacional, por meio de projeto com a DKA Áustria.
A colaboradora do Irpaa que acompanha a execução desse Projeto, a educadora Thaynara Oliveira, destaca que as oficinas de Educomunicação têm sido muito significativas, porque “apresentam uma outra possibilidade de diálogo com os grupos para a compreensão da proposta. E outra questão que merece destaque, a partir de projetos como esse, de ações como essas, é chamar a atenção do poder público em se ter mais investimentos em atividades e projetos socioeducativos; seja nos bairros, principalmente os periféricos, nas nossas cidades e comunidades. Como isso faz diferença na vida dessas crianças e adolescentes, como se envolvem e gostam de momentos formativos que conseguem educar e despertar para sua realidade de uma forma leve”.
Iniciativas da sociedade civil organizada com projetos socioeducativos nas comunidades rurais ou em bairros periféricos, contribuem para prevenir e, consequentemente, reduzir as violências, causando um impacto positivo na vida de adolescentes e crianças alcançadas. Por isso, é importante que a população apoie ações como as realizadas pelo CETGIB, Casa Dom José Rodrigues, entre outras entidades; além de cobrar de representantes no poder público que façam algo também nesse sentido, com o objetivo de proteger crianças e adolescentes e garantir todos os direitos previstos.
Texto e fotos: Thaynara Oliveira e Vagner Gonçalves Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
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