Doenças infecciosas são muito influenciadas pelas condições climáticas, tanto que existem períodos do ano em que são mais frequentes, o que o professor Paulo Saldiva chama de sazonalidade. No verão, predominam as doenças transmitidas por mosquitos (zika, chikungunya etc.), enquanto no inverno as doenças respiratórias são as mais prevalentes. No caso da covid, porém, não se sabe ao certo, “muito por que o vírus era muito eficiente para se transmitir e talvez o clima para ele fosse indiferente”.
Diante disso, um grupo de pesquisadores se reuniu em uma coalizão climática, envolvendo 455 cidades situadas em diferentes localidades, o que permitiu o estudo dos efeitos climáticos em um amplo espectro de umidades, desde regiões desérticas até climas mais úmidos ou extremamente frios. O resultado é que, “apesar de toda sua eficiência, o vírus precisa de um “empurrãozinho” para se disseminar. Baixa temperatura e baixa umidade são companheiras do vírus”, alerta o colunista.
Por isso é que, além de vacinas para combatê-las, o controle das doenças infecciosas requer estratégias para que se tenha menor probabilidade de contágio, manobra à qual se alia a resiliência climática das cidades, “principalmente dos seus segmentos menos favorecidos”.
Paulo Saldiva médico e professor
Jornal da USP
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