O lançamento do livro 'Maltas de Saia - Histórias das Mestras de Capoeira da Bahia', na próxima quinta-feira (27) integra a celebração do Dia Nacional de Tereza de Benguela e do Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, comemorados no dia 25 deste mês como marcos da luta e da resistência da mulher negra contra o racismo, o sexismo, a discriminação racial, social e de gênero. O evento, que está previsto para às 15 horas, acontecerá na Casa Vale do Dendê, no Pelourinho, onde os exemplares da primeira e única obra que reúne biografias das mestras da capoeira da Bahia estarão disponíveis para aquisição com valor promocional.
O projeto, que abrange um catálogo com fotografias, texto biográfico e relatos das mestras de capoeira, é um meio de fomento à proteção, preservação e difusão da memória histórica e de promoção do trabalho dessas mulheres e seus legados culturais. As biografias, apresentadas em ordem alfabética, destacam as vivências e intersecções entre as mestras e revelam a importância política, social e cultural da presença da mulher na capoeira
De acordo com a organizadora da publicação, Franciane Simplício (Professora Bisonha), a obra servirá como fonte de pesquisa e informação para quem quer conhecer o universo da capoeira, além de salvaguardar esse bem cultural. "O projeto, que atinge diretamente 25 grupos de capoeira e, indiretamente, mais de três mil pessoas, é, na verdade, um importante mapeamento de mais de 20 importantes mestras de capoeira na Bahia. Para executá-lo, foram realizadas pesquisas nas cidades de Barreiras, Itabuna, Porto Seguro, Bom Jesus da Lapa, Santo Antônio de Jesus, Muritiba, Santo Amaro, Lauro de Freitas e Salvador, dentre outras", destacou.
Além da Professora "Bisonha", o projeto contou com a participação das acadêmicas pesquisadoras e capoeiristas Maria Luisa Pimenta (Mestra Lilu), Dayse Simplício (Instrutora Formiga) e Maristela Souza (Instrutora Parada). As ilustrações são de autoria da capoeirista e artista plástica Sandra Lavandeira. As fotos são assinadas por Anderson Ferreira, também capoeirista.
A organizadora de 'Maltas de Saia', Franciane Simplicio, mestra em educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), reúne diversos estudos relacionados à capoeira, além de acumular vasta experiência na organização de livros e ações de políticas públicas voltadas para a capoeira. Pesquisadora do livro 'Mestres e Capoeiras Famosos da Bahia' (2009) pela EDUFBA, Franciane organizou os livros 'Pensando a Capoeira – Dimensões e Perspectivas' e 'A Capoeira em Salvador - Registro de Mestres e Instituições', ambos da Coleção Capoeira Viva da Fundação Gregório de Mattos (2015), além do livro 'Capoeira em Múltiplos Olhares - Estudos e Pesquisas em Jogo', da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB 2016), com segunda edição lançada em 2020.
Origem - A inspiração para o nome 'Maltas de Saia - Histórias das Mestras de Capoeira da Bahia' veio das mulheres capoeiristas do início do século XX, que sempre compartilharam as ruas da Bahia com os homens, mas tiveram suas histórias ocultadas por um sistema hegemônico, racista e patriarcal. Maltas, grupos de capoeiristas do Rio de Janeiro que tiveram seu auge na segunda metade do século XIX, eram integradas por negros (as) e mulatos (as) que lutavam e resistiam contra o sistema dominado pela elite carioca da época. Por possuírem grandes habilidades corporais, eram temidos(as) pela sociedade.
Em Salvador, houve organizações muito peculiares que também mantinham a cultura das maltas, embora sem a mesma expressividade e dimensão dos grupos formados no Rio de Janeiro. "Marcas comuns das maltas, independentemente da região onde se encontravam, eram o companheirismo grupal, a solidariedade e a proteção mútua entre seus membros. Foi com base nessas características que adotamos o termo literário Maltas de Saia", destacou Franciane Simplício.
Idealizado pela Maré Cheia Produções Criativas e Sustentáveis em parceria com a Colecut, 'Maltas de Saia - Histórias das Mestras de Capoeira da Bahia' foi contemplado pelo Prêmio Capoeira Viva Salvador – Ano III, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador.
Ascom
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