Cinco pessoas foram presas acusadas de envolvimento em crimes de violência contra meninas menores de idade, no Discord. Os abusadores não só ameaçam pela na internet, como também atraem as vítimas para locais onde são humilhadas e agredidas.
Um dos criminosos, Izaquiel Tomé dos Santos, 20 anos, era conhecido na plataforma como Dexter. Preso desde abril, Dexter torturou pelo menos dez adolescentes. Elas eram obrigadas a se mutilar com a assinatura do abusador.
Em depoimento a Polícia Federal, Izaquiel admitiu ter chantageado garotas para que elas se mutilassem. A Polícia Federal também visitou todas as vítimas de Dexter para conversar com as famílias e oferecer apoio psicológico.
Trechos de conversas obtidos pelo Fantástico mostram como Dexter agredia verbalmente suas vítimas.
"Ajoelha. Se prostra para mim. Eu sou a p**** de um Deus para você agora", ordena Dexter a uma de suas vítimas. Na gravação, é possível escutar a menina soluçar. "Você é uma vagabunda que merece sofrer mesmo", diz o abusador.
O Fantástico mostrou a rede de criminosos que age no aplicativo muito usado por adolescentes. Conforme destacado na reportagem, eles integram um grupo de jovens anestesiados, insensíveis à própria dor e, principalmente, à dos outros.
“Eles são sádicos, misóginos, eles têm um asco, um avesso por mulheres”, afirma o delegado Fábio Pinheiro Lopes.
Veja a lista de todos os envolvidos:
Izaquiel Tomé dos Santos, "Dexter", de 20 anos
Izaquiel, conhecido como "Dexter", está preso desde abril. Ao todo, a polícia identificou nove vítimas de Dexter. Ele é apontado como o torturador que tratava uma adolescente como escrava sexual em um vídeo da investigação. O Fantástico também encontrou outras 5 vítimas do jovem. Entre denúncias estão: fotos de meninas nuas, mutiladas com uma dolorosa assinatura: o nome Dexter escrito com lâmina na pele. À Polícia Federal, Izaquiel admitiu ter chantageado garotas para que elas se mutilassem.
Carlos Eduardo Custódio, "DPE", de 21 anos
O jovem de 21 anos, conhecido como DPE, é acusado por aliciar adolescentes que fugiram de suas casas para ficar em uma casa em São Paulo. Entre as vítimas, está uma jovem de 13 anos de Joinville, Santa Catarina.
Em uma chamada ao vivo, Carlos Eduardo aparece agredindo fisicamente uma adolescente.
Carlos Eduardo estava foragido e foi preso nesta segunda-feira (26), dia seguinte após exibição da reportagem do Fantástico.
Victor Hugo Souza Rocha, "Verdadeiro Vitor", de 21 anos
Na reportagem, Vitor Hugo mostra um arquivo nomeado como: "backup das vagabundas estupráveis". Em cada pasta, o nome de uma vítima. São dezenas de meninas violadas, chantageadas, expostas, catalogadas. Ele foi preso e teve um HD apreendido.
Gabriel Barreto Vilares, o "Law", e William Maza dos Santos, o "Joust"
Gabriel é acusado de ser uma das pessoas que violentaram sexualmente de uma garota de Joinvillle. Gabriel e William, o "Joust", foram presos na última sexta-feira (23).
O que diz a defesa?
Procurados pelo Fantástico, os advogados e as famílias de Carlos Eduardo, Gabriel, Vitor e William não quiseram falar com a reportagem.
Investigação
Além da responsabilização individual dos agressores, o Ministério Público de São Paulo também investiga o próprio Discord.
“Nós estamos apurando, através de um inquérito civil, a falta de segurança da plataforma Discord. Crimes individuais sempre vão ocorrer na internet. O que diferencia é a detecção de que nessa plataforma está ocorrendo um discurso estruturado de ódio. Um local propício para que eles planejem ataque as vítimas e, principalmente, transmitam o conteúdo do crime”, declara o promotor de Justiça de São Paulo Danilo Orlando.
Porta-voz do Discord diz que a plataforma “não tolera comportamento odioso”
Em entrevista ao Fantástico, o porta-voz do Discord disse que a plataforma “não tolera comportamento odioso”. “Nós somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo, e de tempos em tempos, conteúdo mau e comportamento mau vão acontecer. Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo”, afirmou o porta-voz.
“Gostaria de enfatizar que a vasta maioria das interações de brasileiros usando Discord são positivas e saudáveis. Nós somos proativos e investigamos grupos que podem estar envolvidos em ameaças a crianças e trabalhamos para tirar esses agentes ruins da plataforma”.
G1 | Foto: Reprodução/TV Globo
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