Estamos caminhando rumo à uma era catastrófica, se já não vivemos nela. O caos já está instaurado seja na maneira em que estamos vivendo, nossas referências, aquilo que temos como objetivos, os conteúdos que consumimos, a forma como temos interagido uns com os outros, nossos relacionamentos conjugais, aquilo que apresentamos aos nossos filhos como forma de lazer e desfrute, como buscamos ou não alimentarmos nosso espírito, a maneira como olhamos para o próximo, o real propósito desta existência, ou até mesmo sobre o que realmente é prosperidade e riqueza, etc. Parece estar tudo indo de mal a pior...
Em rodas de discussão sobre este tema, entre pessoas da geração de noventa para trás, escutamos comentários do quão saudável era a dita época romântica, não contaminada com o uso desenfreado e equivocado dos dispositivos móveis (smartphones, tablets), das tais redes sociais que de “sociais não tem nada”, onde o correto dizer, pela presente realidade do uso, seria “redes antissociais”. Cabe uma ressalva; a utilização correta e coerente da tecnologia e de qualquer recurso é muito bem vinda o problema é que boa parte da população faz uso destas ferramentas de uma forma errada.
A maneira desastrosa que muitas vezes interagimos uns com os outros, procurando muito mais a troca de mensagens do que o contato pessoal, assim muitas vezes interpretando um dado conteúdo pelo nosso ponto de vista e não pelo real propósito ou objetivo.
A instituição família, algo tão precioso, valioso e fundamental na nossa existência parece ter sofrido o pior dos abalos, seja na relação homem e mulher; no casamento em si, como na união com os demais membros.
A impressão que se têm é que as relações conjugais, ao invés de estarem unidos com o mesmos objetivos, estão imersos à uma guerra, uma espécie de demonstração de força de quem é mais emocionalmente e financeiramente independente.
Tudo isso, da forma que vem sendo colocado, tem tornado este mundo ou geração cada vez mais individualista. É claro que precisamos assegurar todos os direitos de cada um, mas com muita sabedoria, coerência e discernimento, algo ou maneira esta que não vem sendo feita.
Parece que a maneira como está sendo abordada essa temática é se instituído que um cônjuge ao solicitar algo corriqueiro ao outro passou a ser comparado a se cometer um delito, seja no tal feminismo ou no tal machismo. Assim é de se deduzir que afasta pra longe a meta de um(a), solteiro(a), a se candidatar ao matrimônio.
Esta geração parece conceder uma criação precária, medíocre às nossas crianças, gravemente fornecendo um dispositivo móvel para que estes possam se ocupar e não ocupar seus pais.
Nas gerações passadas precisávamos insistir para que as crianças retornassem aos seus lares ao entardecer, agora é preciso muito trabalho para que as crianças de hoje, saiam em algum momento de seus quartos, casas e dispositivos que os próprios pais fornecem.
Estamos vivendo numa crescente e doentia corrida de quem demonstra mais, mais “sucesso”, pela casa que possui, pelo veículo que dirige, pelas roupas que veste, pelos acessórios que compõem o look, pelo celular que puxará do bolso.
Muitas vezes apenas para uma foto na tal “rede social”, embora ao entrar dentro de casa, a matemática do orçamento em sua maioria não fecha para saldar com tamanhos compromissos financeiros feitos em prol da ostentação. E acredite, no seu íntimo, muitas destas pessoas, se não a maioria, querem fugir desta vida, mas nem elas mesmas sabem esclarecer isso.
Mais grave ainda é que no intervalo desta vida do “ter” e não do “ser”, acessamos as famosas redes sociais e nos confrontamos com o exibicionismo da “vida perfeita” do nosso colega, amigo ou ídolo, causando assim nas mentes já alienadas e doentes ainda mais insatisfação e frustação.
Esta é a era que seu corpo está em um dado local, mas sua mente e atenção não. É fácil estarmos em ambientes onde pessoas estão em rodas onde todos estão em seus celulares. E que muitas das vezes nesta mesma roda há alguém silenciosamente pedindo socorro, seja por uma depressão ou por ansiedade – apenas com a necessidade de uma interação mais humanizada.
Pergunte aos seus avós e pais se eles já tinham ouvido falar de tantas síndromes e patologias psíquicas reveladas hoje em dia. Essas consequências são devastadoras, há um aumento alarmante nisso; famílias desunidas, casamentos findados, pessoas cada vez mais solitárias, bloqueadas psicologicamente e socialmente, isoladas em seus mundos e com inúmeras patologias sejam elas psíquicas ou físicas.
A era em que todos nós somos mestres em vestirmos a túnica ou beca para fazermos o verdadeiro papel de excelentes juízes da vida dos outros e péssimos da nossas próprias, totalmente falhos em praticarmos o altruísmo, a empatia, a solidariedade, a cordialidade e o verdadeiro amor ao próximo.
Com todo respeito e carinho à esta classe tão fundamental e de grandes e nobres profissionais, mas parece que vivemos na era onde a felicidade deste mundo está genuinamente nas mãos dos psiquiatras, psicólogos e terapeutas. Assim queremos apenas substituir qualquer ação e esforço pessoal de superação, por remédios e tratamentos. Basta você tentar o desafio de encontrar alguém que ainda não faça uso de quaisquer prescrição medicamentosa que seja.
O Brasil é uma nação em sua maioria cristã e infelizmente há inúmeras instituições que usam apenas o CNPJ de instituição religiosa, mas que tiram proveito no momento de maior fragilidade de quem a procura, ou seja; quando estamos debilitados seja emocionalmente ou sentimentalmente em busca de um alento, somos iscas fáceis para os mal-intencionados. A maioria busca um líder ou um mentor e isso contribui para os aproveitadores com destreza da oratória e persuasão.
O agravante é que estes incutem nestas mentes carentes, o objetivo daquela riqueza ou prosperidade equivocada ou inatingível muitas vezes. Apresentando como riqueza, o fato de você dirigir uma Ferrari ou possuir um jato privado, causando assim mais frustrações e danos. Não que isso não possa ser buscado, mas podemos deduzir que em sua maioria isso não será tangível, caso você não se preocupe primeiramente em viver de uma forma mais saudável em todos seus aspectos.
O mais interessante é que o trabalho primário destes “líderes” ou suas principais rendas, são oriundas dos seus cursos e palestras exatamente com este conteúdo. Nosso País vive uma crescente desigualdade social com todos seus efeitos colaterais, fruto de uma economia totalmente desequilibrada e injusta em que somos reféns de uma das maiores carga tributária do mundo, fazendo com que nosso orçamento nunca feche, já nos tornando uma máquina, um número do (ou no), sistema ou uma espécie de rato na rodinha.
Quando a desigualdade atinge níveis insustentáveis, a coesão social se desfaz, ignorar essa crescente disparidade é como fechar os olhos para uma bomba-relógio social prestes a explodir. Nossos governantes e líderes deveriam estar preocupados em tratar a base de uma forma efetiva e não paliativa como habitualmente e precariamente vem sendo feito na nossa educação pública, algo totalmente defasado, em suma esquecido. Nesse sentido seria necessário mudar tudo, reinventar todo o nosso sistema educacional. Mas tristemente talvez o objetivo seja o oposto mesmo; manter nossa maioria alienada, não pensante, submissa a todo o sistema.
O próprio cinema já retratou isso em filmes como Matrix. O desastre à vista não precisa se tornar uma realidade inevitável, desde que tomemos medidas ousadas, corretas e efetivas, lutando diariamente contra todos estes desafios cada um no meio em que vive. Não podemos nem devemos ser o que a vida faz com a gente, mas sim, fundamentalmente termos a sabedoria e destreza de fazermos daquilo que a vida fez ou faz conosco...
Carlos Air Autor dos Livros “RICO POBRE – A Diferença Não é o Dinheiro”. “EMPREENDER – Não é Sobre Quem Tem Mais Talento, é Sobre Quem Tem Mais Fome”, e do mais recente; “Para Conquistar o SIM, Elimine o Não – O Game da Barganha”
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