Escolhida pela nova governadora Raquel Lyra (PSDB) para assumir a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, a professora e ativista social Lucinha Mota disse que sua história de vida a preparou para trabalhar contra o crime. Ela é mãe da menina Beatriz, que foi assassinada em 2015, aos 7 anos de idade.
"Um governo não pode tolerar a injustiça. Porque a partir do momento em que ele tolera a injustiça, ele é cúmplice da criminalidade", afirmou Lucinha ao g1, ao responder qual seria seu maior desafio na pasta.
Graduanda em direito e suplente de deputada estadual, Lucinha disse que se sente honrada por fazer parte do novo governo, que ela classificou como histórico. Raquel Lyra foi a primeira governadora eleita em Pernambuco e o seu secretariado tem o maior número de mulheres da história do estado.
"Eu acredito que toda a minha trajetória de luta já é um espelho para enfrentar toda a criminalidade, as injustiças", argumentou.
A militância social de Lucinha Mota começou em dezembro de 2015, quando a filha dela, Beatriz, foi morta a facadas durante uma formatura do Colégio Nossa Senhora Maria Auxiliadora, em Petrolina, no Sertão, onde trabalhava o marido dela e pai de Beatriz, Sandro Romilton.
A menina foi encontrada em um depósito de material esportivo desativado, ao lado da quadra de esportes da escola, onde ocorria a formatura. Ela tinha ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores.
Desde então, a polícia realizou sete perícias como parte do inquérito, que acumulou quase 450 depoimentos. Mais de 900 horas de imagens de câmeras de segurança foram analisadas.
Em 2017, foram divulgadas as últimas imagens da menina, do momento em que ela saiu de perto da família para beber água, antes de ser assassinada.
No final de 2021, Lucinha e o pai da menina, Sandro Romilton, percorreram a pé os mais de 700 quilômetros entre Petrolina e o Recife para cobrar justiça. Não se sabia, até então, quem tinha matado Beatriz, mesmo seis anos depois do crime.
Na época, eles foram recebidos pelo então governador Paulo Câmara (PSB) no Palácio do Campo das Princesas. Em janeiro de 2022, a Polícia Científica disse ter identificado o assassino da menina a partir de um exame de DNA.
Marcelo da Silva, de 40 anos, estava preso por outros crimes e, segundo a polícia, confessou ter matado a menina para silenciá-la, após ela ter se assustado ao vê-lo com uma faca.
Na época, a perita criminal geneticista Sandra Santos, que foi chefe da Polícia Científica por sete anos, disse que houve erros durante a investigação, que poderia ter chegado antes a um desfecho.
Após a divulgação, Lucinha afirmou que só o exame de DNA não era suficiente para determinar a autoria do crime e cobrou que a polícia continuasse tentando esclarecer a motivação do crime e como o homem chegou ao colégio.
Em uma carta divulgada após a divulgação pelo advogado de defesa, Marcelo da Silva negou ter matado Beatriz e disse ter sido pressionado a confessar o crime.
Uma audiência de instrução e julgamento foi realizada em novembro do ano passado, mas terminou sem definir se acusado vai a júri popular.
Globo Nordeste
2 comentários
03 de Jan / 2023 às 14h34
Parabéns Lucinha, O crime jamais deverá ser uma profissão digna no nosso país
03 de Jan / 2023 às 20h38
Srs leitores. Aproveito desse espaço, para parabenizar, a nova secretaria de Justiça estado de Pernambuco, em tempo que, rogo ao ser supremo, que lhe dê sabedoria, para enfrentar essa missão. Taí, mais uma diferença, de lá para cá, lá, valoriza os que lutam, cá, não.