Com o tema ‘Ministério Público e democracia no século XXI’, a Semana do MP 2022 contou na quinta-feira, dia 15, com a presença dos jornalistas Diego Escosteguy, que tem mestrado em jornalismo político pela Columbia University, e Pedro Burgos, professor de comunicação e jornalismo do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
Eles participaram de um debate sobre o tema ‘Redes sociais, jornalismo e democracia’, que teve como mediador o promotor de Justiça Alexandre Cruz, secretário-geral do MP. “Muitas vezes o Ministério Público é visto como agressor do regime democrático, pelo fato de estar exercendo o seu papel e se colocando em posição de confronto com o poder politico e econômico. Quando na verdade o papel essencial do MP é de defensor do regime democrático”, destacou o promotor de Justiça Alexandre Cruz.
Para o jornalista Diego Escosteguy, a imprensa não entende tão bem o papel do MP e, por outro lado, nos últimos anos, parte dos integrantes do MP passaram a ter ‘reserva’ com os jornalistas. “Não são trabalhos dissociados. Há muitos pontos de convergência entre o papel da imprensa e do MP que são relevantes para o desenvolvimento democrático do país, como a defesa de bens jurídicos que de outra forma não teriam uma segura proteção jurídica sem a atuação dessas instituições. Mas é fundamental estabelecer bases de aproximação para que o MP e a imprensa possam trocar informações e para que haja uma aproximação institucional”, destacou.
Outro ponto abordado no debate foi a intensa ‘polarização’ e o avanço das fake news nos últimos anos no Brasil. Na opinião do jornalista Pedro Burgos, a crise de fake news é resultado de uma ‘desconfiança extrema’ da sociedade nas instituições. “A imprensa é vista como um poder parcial. Vejo que a Imprensa e o MP têm objetivos bem semelhantes, ao apresentar ao público as coisas ruins que acontecem na administração pública, por exemplo”. Ele complementou que, ao divulgar ilícitos que acontecem nas instituições, de alguma maneira, tanto a imprensa quanto o MP acabam diminuindo a crença das pessoas nas instituições.
“Não é notícia mostrar o lado bom dos governantes, executando as tarefas que lhe foram confiadas. Existe uma demanda pelas noticias ruins e esse excesso de informações negativas faz com que as pessoas tenham uma visão deturpada dos agentes públicos. Daí muitos desconfiam do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por exemplo, e acreditam nas fake news”. Ele destacou ainda que, no caso do MP, “existem regras quase sempre muito claras que oferecem à Instituição a tranquilidade de que está sendo seguido o devido processo legal. Mas no jornalismo é mais complicado, pois a simples escolha das fontes já afeta a matéria”, afirmou.
MP Bahia
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