Um projeto chamou a atenção no municipio de Bom Jesus da Lapa, Bahia. A Câmara de vereadores aprovou lei que proíbe o cultivo da árvore Nim e ainda dispõe sobre “a proibição do plantio, cultivo, transporte e produção da espécie Nim, na área urbana e rural".
O projeto foi justificado através dos estudos científicos que apontam o efeito inseticida dessa espécie tem alto impacto sobre o equilíbrio ecológico local, principalmente na comunidade das abelhas.
O engenheiro agrônomo, Lúcio Flávio Magalhães Cezar, atual Secretário Meio Ambiente, em contato com a REDEGN, disse que uma Cartilha está sendo elaborada e que o trabalho de diálogo junto a comunidade busca o resultado positivo para o meio ambiente.
"Além disso descaracteriza o nosso bioma da Caatinga. Adote uma árvore natural do nosso bioma", diz projeto do vereador Leonel Cardoso, ressaltando que o Nim é muito mais prejudicial que benéfico e que o municipio deve realizar uma campanha de conscientização junto a população.
Á arvore “nim” (nome científico: Azadirachta indica A. Juss.) é uma espécie exótica, originária da sul da Ásia. Na Índia, é bastante utilizada por adeptos da fitoterapia por possuir propriedades farmacológicas. A planta foi introduzida no Brasil na década de 1980, com o intuito de trabalhar como um pesticida em lavouras, mas se tornou uma planta com alto poder degradante. Tem sido bastante usada, especialmente na região do Vale do São Francisco no paisagismo urbano de ruas e calçadas.
Estudos cientifícos revelam que a árvore nim, representa uma ameaça. Ela tem se adaptado muito bem ao clima semiárido, respondendo bem até quando não recebe água regularmente. Isto se deve ao fato da árvore conseguir acessar a água do solo, com suas raízes profundas. Possui crescimento relativamente rápido, fornecendo sombra com poucos meses após o plantio. O crescimento rápido têm convencido cada vez mais os moradores a plantarem o nim em suas calçadas.
Um dos principais problemas causados pelo nim é o efeito de seu principal princípio ativo: a Azadiractina. É uma substância comprovadamente inseticida. Possui ainda efeitos sobre a reprodução de insetos nativos, inibindo sua a reprodução. Particularmente, as abelhas nativas, que são de extrema importância na polinização e se adaptaram ao longo de milhões de anos a polinizarem as espécies vegetais nativas estão sendo dizimadas pela presença do nim.
Ano passado a reportagem da REDEGN, destacou que professora, engenheira agrônoma, Candida Beatriz, mestre e doutora em Ciêncas Agrárias e o alerta para os riscos, um dos principais: "não plantar Nim quando existe produção de mel de abelhas". A doutora aponta que o Nim pode prejudicar a polinização.
Um dos maiores cuidados apontado pela doutora Candida é que o cultivo da espécie e sua proliferação podem provocar prejuízos a outras espécies vegetais e até animais, uma vez que possui também propriedades repelentes. "Tudo em excesso traz seus riscos e perigos. Portanto, o plantio em excesso da árvore Nim também pode causar inúmeros prejuízos", relata Candida.
Pesquisadores numa linha mais radical acusam que a ação do plantio agrava ainda mais o processo de desertificação no Nordeste e principalemte na Região do Semiarido.
Evelline Lanzillotti, Biologa da Universidade Estadual do Ceará diz que proliferação da Especie no Estado trará grandes prejuízos ao meio ambiente e ao bioma em um futuro próximo, com base em cinco justificativas: "a espécie nim se alimenta dos microrganismos da terra, é repelente natural de proporções desastrosas para a fauna e a flora, tem poder extraordinário de reprodução que já está sem controle, é árvore invasora que já ocasiona danos na região."
Amplamente utilizada como alternativa para a arborização urbana e rural, a espécie foi dissiminada em vários municípios do Nordeste e agora, por ser extremamente invasora começa a preocupar ambientalistas. A preocupação é no sentido de evitar a proliferação, em vista dos danos ambientais já verificados na região.
No início do ano 2000, Aveline Lanzillotti, bióloga que realizou pesquisas acerca da invasão de plantas exóticas quando atuava como professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) na região dos Inhamuns, também chancela que o Nim assim como outras espécies (algaroba, sempreverde, entre outras) estão em quantidade excessiva na caatinga e invadem o bioma, competem com as nossas espécies e ganham cada vez mais espaço.
"O Nim Propagam-se rápido e tem fácil poder de adaptação. Já podemos afirmar que o bioma caatinga está descaracterizado, especialmente no que se refere à flora", alerta da pesquisadora da Uece", declarou Eveline.
Redação redeGN Foto Ney Vital
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