O especialista em medicina fetal do Hospital Dom Malan, Marcelo Marques, fala sobre as vantagens do parto normal - considerado o mais benéfico para o binômio mãe-bebê - e as preocupações a respeito da naturalização do parto cesárea.
No HDM, por exemplo, ao contrário do que muitos pensam, o número de cesarianas é bem alto. Mas, isso reflete o próprio perfil de alto risco do serviço. A taxa, atualmente, gira em torno de 50%, sendo 41% em primigestas (mães de primeira viagem).
O parto normal, ou via vaginal, é a forma tradicional de nascimento. É o tipo de parto recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e preconizado pelo Ministério da Saúde.
Entre as vantagens estão o menor tempo de internamento e uma recuperação pós-parto mais rápida. O parto normal também diminui o risco de infecção; de complicações devido à anestesia; e de fenômenos tromboembólicos. Atua aumentando os níveis de bem-estar e permitindo a volta mais rápida do útero ao tamanho normal.
O parto normal também facilita a descida do leite em função dos hormônios que são liberados durante o trabalho de parto, em especial a ocitocina; e permite o imediato contato pele a pele entre a mãe e o bebê, favorecendo a relação maternal e garantindo, neste acolhimento, a primeira mamada ainda na sala de parto.
Isso sem falar das vantagens para o bebê, que ao passar pela vagina recebe as primeiras defesas através das bactérias maternas. Os bebês que nascem por essa via, e que são amamentados no primeiro ano de vida, apresentam uma flora intestinal rica em boas bactérias, e uma boa flora intestinal ajuda a diminuir as cólicas e a prevenir diarréias.
"As vantagens são tantas que a gente não entende como uma mulher, sem indicação clínica, clama por uma cesariana. Acredito que o medo da dor seja o principal fator. Mas, atualmente, existem várias possibilidades para aliviar esse incômodo do parto, como massagens, banhos no chuveiro, música, exercícios facilitadores, entre outras técnicas de relaxamento, muitas dessas oferecidas pelo Dom Malan", esclarece.
"Vale lembrar que se a mulher fez apenas uma cesariana ela pode sim ter a experiência do parto normal. Esse não é um impeditivo absoluto", acrescenta. Só existem duas indicações absolutas de cesárea: desproporção céfalo-pélvica e a apresentação prévia da placenta. A desproporção ocorre quando a ossatura da bacia da mãe é incompatível com a da cabeça do bebê. No caso da apresentação prévia da placenta, o parto normal não acontece devido à oclusão da passagem do bebê. Os dois casos são considerados de baixa incidência.
Os perigos de uma cesariana desnecessária envolvem infecção, hemorragia, choque anestésico, acretismo placentário, endometriose e até problemas com a fertilidade. "Por isso que nós médicos questionamos. No Hospital Dom Malan, as gestantes são avaliadas e encaminhadas à cirurgia quando realmente há indicação médica. Nós seguimos protocolos que têm como base a ciência, então, não é algo aleatório. Os riscos e benefícios para a mãe e o bebê são sempre levados em consideração", finaliza.
Ascom HDM
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