Morreu na noite de ontem (27), Mestre Aprigio (José Aprigio Lopes), Patrimônio Vivo da Cultura. Ele trabalhava em Ouricuri, Pernambuco com o artesanato em couro. O mestre continuava em plena atividade de artesão, confeccionando peças em couro. Nascido em Exu, ele confeccionou alguns dos chapéus usados por Luiz Gonzaga.
Nascido em Exu no dia 25 de maio de 1941, 79 anos, o “Mestre Aprigio”, José Aprigio Lopes contava que conhecia bem o repertório de Luiz Gonzaga. Ele confeccionou vários dos chapéus de couro usados por Luiz Gonzaga e hoje é uma das referências dos grandes nomes da música nordestina, exemplo confeccionava os chapeus de Alcymar Monteiro, Chambinho do Acordeon, Flávio Leandro, Flávio Baião, Jaiminho de Exu e Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga.
“Meus chapéus serviram de coroa para os dois grandes reis que conheci, veja só que privilégio, Luiz Gonzaga e Dominguinhos”, dizia o Mestre Aprigio.
Os chapéus, gibões e sandálias confeccionados por Seu Aprigio ficaram imortalizados também quando a Escola de Samba Vila Isabel desfilou na Sapucaí do Rio de Janeiro contando a vida de Miguel Arraes, político cearense, nascido no Crato, três vezes governador de Pernambuco.
No desfile o cantor Martinho da Vila encarnava um cangaceiro. O sambista se emocionou do começo ao fim da passagem da escola, da qual é presidente de honra e símbolo maior. Detalhe: o chapeu de couro e o gibão é confecção do artesão Mestre Aprigio.
Nas diversas entrevistas concedidas a reportagem da redeGN, ele contou que acompanhava o pai no trabalho da roça, mas foi aos onze anos, cuidando da comida do gado, que as roupas de couro dos vaqueiros encheram os seus olhos e mudaram seu destino.
Aos 15 anos, comprou uma faquinha, um esmeril, um compasso e começou sozinho a fazer do sonho sua vida. “Acho que é um dom, tem que ser um dom assim seilá, por causa que muita gente sempre foi para trabalhar, mas não dá para aquela arte assim”.
Com a morte do pai, aos 19 anos, conseguiu uma espécie de estágio na oficina do Mestre Juarez, no Crato, no Ceará. Ele acabou ficando três anos por lá, depois voltou a Pernambuco como artesão profissional.
O rei do baião, Luiz Gonzaga, conheceu o mestre artesão, gostou tanto do trabalho dele, que passou a encomendar chapéus e gibões, que usou em shows pelo Brasil afora. Isso ajudou na trajetória que transformou o menino tímido de Exu, em patrimônio vivo de Pernambuco.
“Luiz Gonzaga ficou muito grato, porque eu recebi ele bem, com muita ansiedade de conhecer ele também , porque ele já era artista e eu não era. E eu, mais rapaz, eu, está nas maõs de um artista desse, mas tem nada não, a gente vai ver o que é que faz. Aí ele disse assim: 'Tenho uma surpresa para você'. E eu, pode falar, mestre:'Eu tenho umas encomendas para você fazer pra mim usar nos meus shows, não é negócio pra vaqueiro, nem pra usar assim, só pra quando eu tiver no meu show, usar'. Eu perguntei a ele: 'Qual a peça?'. Ele disse: 'Um gibão, um chapeú e um vestuário de couro muito bem feito, o que você puder fazer, pode jogar em cima, que aí, eu acredito que sai do jeito que a gente quer mesmo". De lá pra cá, a gente ficou se conhecendo, chegava lá na minha casa, entrava, sentava, tomava café", relembra.
Um dos filhos trabalha com ele na oficina, Romildo. O neto Joelson Lopes também decidiu cedo que seguiria os passos do avô. É a terceira geração da família de artesãos. “É uma coisa que eu faço com muito amor, porque é uma arte muito difícil, a gente tem que seguir em frente”, afirma o neto.
A Secult/Fundarpe, através de nota lamentou a perda do Patrimônio Vivo de Pernambuco e sertanejo ilustre José Aprígio, conhecido como Mestre Aprígio, anunciada nesta segunda-feira à noite.
Ele ficou famoso pelo trabalho como artesão em couro, que encantou gente como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Tinha 79 anos.
Escolhido em 2019 pelo Governo de Pernambuco como Patrimônio Vivo do Estado, Mestre Aprígio possuía um ateliê em Ouricuri, no Sertão do Araripe, terra que escolheu para desenvolver seu trabalho. Chapéus de couro, perneiras, sandálias e bolsas eram sua especialidade, com destaque para a indumentária do vaqueiro.
Aos familiares, amigos e admiradores, deixamos a nossas condolências e deixamos os nossos mais sinceros pêsames.
Nota de Pesar do Governo do Estado:
convívio com os vaqueiros desde a infância, no Sertão pernambucano, e seu grande talento para o artesanato, fizeram do Mestre Aprígio um dos maiores artistas brasileiros no trabalho com o couro. Autor de lindas peças, seus chapéus, gibões e sandálias vestiram nomes como Luiz Gonzaga, Gonzaguinha e Dominguinhos, entre tantos outros. Eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2019, seu legado permanecerá como uma referência indelével no cenário artístico e cultural do nosso Estado. Quero me solidarizar com seus familiares e amigos neste momento de dor.
Redação redeGN Fotos Arquivo Seculte PE
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