Entre as medidas de prevenção ao Covid-19 e o vírus H1N1, a proteção às pessoas em situação de rua está sendo uma das prioridades da Prefeitura de Juazeiro.
Abrigada no Colégio Paulo VI desde o dia 27 de março, essa população está sendo atendida pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade (SEDES) do município, com acesso à alimentação, atendimento médico e higienização adequada para combate ao vírus.
Além disso, atividades de entretenimento e compartilhamento de saberes artesanais têm feito parte do dia a dia do grupo.
A iniciativa de abrigar a população em situação de rua, de acordo com o pedagogo e assistente social do Centro POP, Elias Teixeira, partiu da necessidade de proteger as pessoas vulneráveis socialmente dos riscos de contágio do Coronavírus e do H1N1. “Aqui trabalhamos com duas linhas de frente: a saúde e o social, que não devem ser esquecidas. Sendo assim, o tratamento humanizado é fundamental”, ressalta. A proposta, afirma Elias, é que essa troca de saberes seja incentivada durante todo o período de permanência no local.
Com folhas de emborrachado, tesouras e outros artigos de papelaria, algumas das pessoas em quarentena no espaço do Colégio, se reúnem para produzir flores, acessórios de beleza e brinquedos. Nas ruas há cerca de três anos e tendo o artesanato como modo de subsistência, o chileno Antônio Nascimento conta que tem utilizado o tempo livre para ensinar aos colegas a feitura desses trabalhos. “Aprendi o ofício com amigos em Recife e estou passando o conhecimento que tenho. Conseguimos os materiais com o pessoal da equipe que tem nos atendido aqui”, explica.
A atividade, além de ser a sua forma de sustento, tornou-se um meio de entretenimento e também de interação social. “Tem gente que se distrai jogando bola, dominó ou baralho, mas eu gosto de fazer o meu artesanato”, afirma Antônio. Durante a manhã, nas mesas em que sentam juntos para produzir, Roberta Horrana também compartilha técnicas para produção de fuxicos, flores confeccionadas em retalhos de tecidos. Com cores diversas, os fuxicos enfeitam acessórios de beleza e logo após são presenteados por ela a colegas e membros da equipe de atendimento da SEDES.
“Aqui no espaço, os fuxicos têm feito sucesso. Mesmo quando está cada um em seu canto fazendo seu artesanato, em algum momento todo mundo se reúne para socializar o que sabe”, comenta Roberta. Em situação de rua há oito anos, ela se diz satisfeita com o atendimento recebido durante o período de isolamento social. “Na rua nem sempre você tem um prato de comida, nem apoio de ninguém. Então vejo essa ação como importante porque aqui estamos protegidos do vírus e estamos sendo bem tratados”, afirma.
Mayane Santos - Ascom/PMJ
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