Defendida com veemência pelo governo federal e temida por boa parte dos trabalhadores brasileiros, a reforma da Previdência começa a tramitar efetivamente na Câmara dos Deputados na próxima quarta-feira, quando o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM), promete instalar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeira etapa para a discussão do texto. A partir de hoje, os líderes partidários começam as articulações para a indicação dos 66 integrantes do grupo que vai decidir se a PEC 6/19 está de acordo com a Constituição Federal.
A alegação para a mudança nas regras para a aposentadoria é que o sistema previdenciário brasileiro precisa se adequar à nova realidade do país – o que na ponta do lápis vai representar economia estimada de R$ 1 trilhão nos próximos 10 anos, segundo estimativa da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. No sábado, Rodrigo Maia e o presidente se reuniram por cerca de uma hora no Palácio da Alvorada para discutir o assunto. Bolsonaro tem pressa na aprovação do texto, que espera ter o sim do Congresso até julho. “É muito fácil. Pode chegar lá em uma semana na Câmara e em uma semana no Senado e estar solucionada a questão”, afirmou na sexta-feira.
Mas, na prática, não é tão rápido assim. Nomeados os integrantes da CCJ, os parlamentares terão até cinco sessões para discutir a PEC. Se verificada a constitucionalidade das novas regras, a PEC segue então para uma comissão especial criada para avaliar o mérito da proposta. Emendas poderão ser apresentadas pelos deputados, que deverão votar um parecer no prazo máximo de até 40 sessões.
O governo tem defendido que o relator, responsável pelo texto, seja alguém alinhado com a pauta econômica do Palácio do Planalto e capaz de resistir às pressões dos segmentos afetados pela reforma.
Vencida a fase de comissões temáticas, a PEC finalmente chega ao plenário da Casa, onde terá que ser votada em dois turnos e obter a aprovação de no mínimo três quintos dos deputados, o equivalente a 308 votos entre os 513 parlamentares. Número alto para um governo que se vê às voltas com reclamações de bancadas partidárias temáticas sobre a articulação política do governo.
Líderes e aliados avaliam que em determinado momento Bolsonaro se verá diante da necessidade de fazer mudanças nos ministérios para garantir a aprovação de agendas reformistas, como a PEC da Previdência.
Caso seja aprovada nos dois turnos, a proposta de reforma previdenciária é encaminhada ao Senado, onde também passará pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa antes de chegar ao plenário. Ao contrário da Câmara, no Senado o texto não precisa passar por uma comissão especial. O projeto passa pelo crivo dos senadores também em dois turnos, quando são necessários os votos de 49 dos 81 parlamentares. Se sofrer alguma emenda, a PEC retorna para a Câmara. Caso contrário, estará pronta para a promulgação pelo presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP).
ARTICULAÇÃO POLÍTICA A velocidade da tramitação da PEC da Previdência no Congresso passa, obviamente, por articulação política. E nesse ponto é fundamental o envio da proposta que trata da aposentadoria dos militares. O texto dos trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos chegou à Câmara em 20 de fevereiro, e a promessa do governo foi que o projeto dos militares seria enviado 30 dias depois. “É imprescindível que chegue logo. É um pedido dos partidos que as propostas tramitem conjutamente”, disse recentemente Rodrigo Maia.
Enquanto isso, o governo faz as contas. O ministro Paulo Guedes afirmou à imprensa neste final de semana que bastam mais 48 votos para garantir a aprovação da reforma. Segundo ele, mapeamento do governo indica que 160 deputados já declararam publicamente apoio às novas regras, enquanto 100 indicaram voto favorável à reforma. A líder do governo, Joice Hasselmann tem sido mais comedida: na sexta-feira disse que o que há de concreto até o momento são “conversas”.
Embora o governo já tenha admitido rever alguns pontos da reforma, basicamente ela prevê a criação de uma idade mínima para a aposentadoria (65 anos para homens e 62 anos para mulhres) e um tempo mínimo de contribuição de 20 anos, o que representaria um benefício equivalente a 60% da média de todas as contribuições. Quem optar por adiar a aposentadoria terá dois pontos percentuais a mais no benefício a cada ano de serviços prestados, até atingir o teto de 100% ao completar 40 anos de contribuição para o sistema previdenciário. O teto hoje é de pouco mais de R$ 5,8 mil.
As alíquotas de contribuição passam a ser progressivas, de acordo com o salário do trabalhador. O índice vai variar de R$ 7,5% (para quem ganha um salário mínimo) a 11,68% (salários entre R$ 3.000,01 e R$ 5.839,45). No serviço público, a regra será a mesma, mas o índice de contribuição poderá chegar a 22% para quem ganha acima de R$ 39 mil. Atualmente, o servidor público paga 11% sobre todo o salário caso tenha sido empossado antes de 2013. Quem ingressou depois paga 11%
Jornal Estado de Minas
2 comentários
11 de Mar / 2019 às 16h56
Gostaria de ouvir as opiniões de Quim, Erry, Fernando Costa sobre essa questão da reforma da previdência ainda mais quando em campanha o Jair disse que era um crime uma pessoa no Brasil se aposentar aos 65, que era injusto isso com o trabalhador brasileiro.
11 de Mar / 2019 às 21h52
Seu LULADRÃO e o Temer queriam aposentadoria aos 65 e 70 anos. Já viu o vídeo do sapo barbudo falando isso? Bote no YouTube e veja. Só pode contestar a reforma quem leu o projeto. Quem ganha menos, pagará menos. Os militares e políticos farão parte. Alguém tem que fazer alguma coisa, pois nesses 13 anos o rombo só aumentou.