ARTIGO – UM PRESIDENTE “FAKE NEWS”?

Como a matéria de uma crônica é elaborada com a necessária antecedência, de forma a estar habilitada para a edição no horário habitual, aos domingos, o tema não contempla a grande e esperada notícia quanto ao novo Presidente da República do Brasil, que neste horário já se acha definido em favor de um dos concorrentes.

Não se tem conhecimento na história passada ou recente, que o Brasil tenha convivido com a experiência de uma eleição presidencial com as inusitadas características da ocorrida neste ano de 2018! Ela foi repleta de acontecimentos e variáveis de todo tipo que a tornaram diferenciada na sua plenitude. Obviamente que depende da visão crítica de cada um, mas, acredito que em alguns detalhes bastante enfáticos haverá coerência de entendimento entre o autor e seus leitores.

Uma das alterações mais marcantes e que surpreende em particular aos mais antigos, é o desaparecimento da prática dos tradicionais comícios realizados nas principais praças das maiores cidades, em cujos palanques se acotovelavam os políticos mais representativos de cada Estado a buscar espaço ao lado do candidato a Presidente da República. Os eleitores abandonavam qualquer outro compromisso e se arrumavam adequadamente para aquele dia especial. Não havia agressões ou correrias. Era um dia repleto de paixão e lirismo, em que dava gosto se observar uma certa vocação nacionalista ou até mesmo espírito de patriotismo. Recordar é bom, mas isso é passado que não volta mais... Uma prova da mudança dos tempos, constatei agora, ao chegar no meu domicílio eleitoral para votar no 2º. Turno, em Uauá-BA, nas vésperas da votação: o clima era de um grande funeral, em que se fala de tudo, menos do morto!

Evidentemente que os tempos mudaram, as táticas e estratégias ganharam um novo perfil, o progresso tecnológico e os grandes recursos da internet passaram a representar uma relevância impressionante nos novos rumos. Até mesmo aquilo que ainda resiste a essas modernidades e que aparece como um resquício da presença do povo nas ruas, ou seja, as grandes passeatas, são dependentes da arregimentação promovida através do eficiente instrumento da moderna comunicação: as REDES SOCIAIS! Para elas temos que tirar o chapéu pela evidente força provada e comprovada, principalmente nas eleições 2018, em particular para o cargo de Presidente da República.

Os candidatos tiveram de se ajustar aos novos tempos e suas equipes de organização de campanha desenvolveram as suas ações de forma bastante intensa no uso do aplicativo WHATSAPP, cujo poder de penetração em todas as camadas sociais tem uma importância incalculável. 

A criatividade e o humor na divulgação sobre os candidatos andam em paralelo com as inverdades chocantes, cujo impacto causa estragos contundentes em ambos os concorrentes, uma vez que, nesse campo da ilegalidade, todos utilizam a mesma prática e não há santo nem inocente. Convivemos hoje com o “Fake News” ou a notícia falsa. É o jogo sujo e de difícil controle, e que enoja ouvir os protestos e denúncias judiciais de um candidato contra o outro, quando se sabe que nesse campo está predominando no comportamento de ambos a maldade e a falsidade, como tática de uma guerra covarde.

Esses novos tempos ocuparam o espaço do antigo debate político, e a discussão em torno de projetos renovadores deixou de existir. Temos visto de forma abundante nos dois candidatos abruptas mudanças de pensamentos e posições antes anunciadas, o que demonstra insegurança ou inconsistência dos seus programas. Em algumas medidas prometidas o que se vê é a presença do populismo exacerbado.

A avaliação crítica de todo esse contexto político não inibe o respeito que passa a merecer aquele que acaba de ser eleito, visto que representará pelos próximos quatro anos a instituição Presidência da República, não importa o seu vínculo partidário.

Não é possível desprezar, contudo, que a forte presença e disseminação de tantas notícias pelo Whatsapp sem a marca da veracidade, ou seja, um processo eleitoral viciado por abundantes “Fakes”, planta na consciência do eleitor uma preocupação inquietante: estaríamos diante de “UM PRESIDENTE FAKE NEWS”, também? Para que não entremos numa total infelicidade nacional, tomara que não!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.